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Crimes contra jornalistas ficam impunes

Em 20 anos, a autoria de 75% dos assassinatos no Brasil não foi descoberta

BRASÍLIA. Em 20 anos, foram registrados 21 assassinatos de jornalistas no Brasil. Desse total, 75% dos crimes estão impunes, de acordo com levantamento do Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ).

A estatística ainda não inclui o assassinato de Décio Sá, do jornal “O Estado do Maranhão”, na noite de segunda-feira em São Luís. O levantamento contabiliza apenas as mortes de Mário Randolfo Marques Lopes (Vassouras na Net), e de Paulo Roberto Cardoso Rodrigues (“Jornal da Praça”) este ano.

O Brasil é o 11, país mais perigoso para jornalistas, aponta o levantamento. Da América Latina, figuram no ranking entre os 20 países com o maior número de mortes de jornalistas a Colômbia (5+ posição) e o Brasil.

Bósnia, Serra Leoa, Israel e territórios Palestinos têm menos assassinatos registrados do que o Brasil, segundo a CPJ.

Desde 1992, do total de mortes de jornalistas, oito não tiveram a confirmação do motivo. Em 2011 foi registrado o pior balanço de assassinatos em um ano: seis no total, sendo que a metade não teve o motivo confirmado. Ontem, a ONU demonstrou preocupação com a morte de Décio Sá e de outros jornalistas no Brasil. A Alta Comissaria de Direitos Humanos do órgão apontou que parece ser uma “alarmante tendência” o crescimento das mortes, segundo o porta-voz do órgão, Rupert Colville. Ele destaca que as mortes estão prejudicando a liberdade de expressão no país.

— Condenamos esse crime e estamos muito preocupados com o que parece ser uma alarmante tendência ao assassinato de jornalistas, que está danando o exercício da liberdade de expressão no Brasil. Estamos preocupados há tempos com a necessidade de que os defensores dos direitos humanos brasileiros, incluindo os jornalistas, possam fazer seu trabalho sem temer a intimidação ou algo pior — afirmou.

Colville pediu que as autoridades priorizem a investigação “exaustiva” desse e de outros casos, para evitar que os responsáveis fiquem impunes. Ele também pediu a adoção de medidas para evitar novas ocorrências.

— Um projeto de lei apresentado ao Congresso em 2011, estabelecendo que as investigações policiais sobre crimes envolvendo jornalistas ocorram em âmbito federal, seria um passo na direção correta. Esperamos que essa e outras medidas sejam adotadas com certa urgência.

Na quinta-feira, a polícia do Maranhão prendeu Fábio Roberto Cavalcante Lima, suspeito de participar da execução de Décio. A Secretaria de Segurança Pública não confirmou se ele é o mesmo que foi identificado por meio de câmeras de segurança de prédios próximos. O suspeito seria um dos três que deram fuga ao assassino. O secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, pediu ontem que a imprensa colabore com a polícia.

— Esse crime é um quebra-cabeça. Estamos trabalhando de maneira técnica, pois quem cometeu o homicídio construiu uma rota e acompanhou os passos do jornalista — disse. O caso segue em sigilo para não atrapalhar as investigações.

Fonte:O Globo

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