Para canais de televisão aberta, a única questão pendente é o cumprimento das condições para que a troca seja feita, o que inclui a distribuição de conversores para manutenção da audiência
São Paulo – As emissoras de televisão consideram razoável o prazo dado pelo governo, até 2018, para mudança de sinal analógico para o digital. Mas tudo vai depender do respeito às condições acordadas para a migração, como a liberação de verbas e a distribuição de conversores.
Há uma preocupação com as questões técnicas que envolvem a troca dos sinais. Isso inclui a limpeza do espectro e a entrada dos transmissores e infraestrutura para sustentar o sinal da internet de quarta geração (4G), que ocupará a faixa de 700 MHz, leiloada em certame realizado no último mês de setembro.
As operadoras de telefonia que vão operar a frequência para a banda de internet são as maiores interessadas em uma limpeza rápida. Afinal, isso permitira o início da prestação do serviço, que garantirá maior retorno do investimento estimado em quase R$ 12 bilhões, a serem pagos pelos lotes negociados com o governo.
Processo
Os canais, que atualmente transitam na frequência do futuro 4G, acreditam que os prazos estipulados pelo governo são “razoáveis”, segundo afirmou ao DCI o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Eslavieiro. Entretanto, a aprovação do processo pelas emissoras está condicionada justamente ao cumprimento dos termos acordados entre os canais, as teles e o governo federal, que inclui a distribuição dos receptores, segundo entidade que representa as emissoras.
Segundo Pimentel, a limpeza do espectro é muito importante para a operação das empresas de mídia, mas garantir a audiência também, porque dela depende o sucesso comercial que sustenta as organizações. “Há um temor pela interrupção do sinal analógico, sem que grande parte da população esteja apta a receber o sinal digital em casa.”
Receio
Informações que circulavam pelo mercado antes do leilão da internet de quarta geração, em setembro, davam conta de que a fatia do dinheiro a ser pago pelas teles – dedicado à limpeza do espectro – não seria suficiente para que equipamentos novos fossem comprados. Essa limpeza nada mais é que um pacote de condições para que as TVs deixem para trás o analógico e, em seu lugar, transmitam exclusivamente via emissão de sinal digital.
A maior reserva das emissoras de televisão, era de que a adesão aos transmissores que permitem captar o sinal de TV digital de modo universal, não fosse completa e que parte da população simplesmente ficasse sem acesso aos canais, gerando uma espécie de “apagão” na TV aberta.
A questão foi resolvida em debate com teles e o Ministério das Comunicações, em que foi decidido que parte da verba dedicada à “limpeza do espectro” serviria não apenas à compra de equipamentos de emissoras, geradoras, afiliadas e estações rádio-base (antenas de transmissão de sinal), mas também para o subsídio de aparelhos conversores – também chamados de set top box – que recebem a TV digital.
Mudança
De acordo com os testes técnicos realizados em parceria da Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) com os fornecedores de infraestrutura para a transmissão de 4G como Nokia, Alcatel Lucent, Huawei e Motorola Solutions, a limpeza completa e o início das transmissões do 4G, poderiam acontecer já em 2015.
“A migração depende da cooperação de todos os setores envolvidos no processo de ‘aposentadoria’ da TV analógica e transmissão do 4G”, explica o diretor de tecnologia da Nokia Networks para a América Latina e representante da divisão de telecomunicações da Abinee, Wilson Cardoso.
Segundo ele, há dinheiro o bastante para que todo o processo seja conduzido. A verba reservada para limpeza do espectro e migração da TV analógica para digital caberá dentro do orçamento de mais de R$ 3,6 bilhões e arrecadados no edital de leilão da internet de quarta geração – envolveu R$ 12 bilhões -, dedicados à troca de tecnologias.
Fonte:DCI – Diário Comércio, Indústria e Serviços