O governo decidiu mudar a Lei Geral de Telecomunicações para que a internet seja levada a todos os domicílios. Hoje, só metade deles tem algum acesso à internet.
Nesta segunda-feira (23), o Ministério das Comunicações coloca em consulta pública uma proposta que, segundo apurou a Folha, deve apresentar os três modelos em estudo no governo para que a internet seja universalizada. A discussão ocorre agora porque os contratos com as operadoras, vigentes desde 1998, vencem neste ano.
No primeiro modelo, seria extinto o atual regime de concessão que hoje só vale para a telefonia fixa. Os serviços (telefonia fixa, celular, internet e TV paga) seriam prestados em regime privado, por meio de autorização, como já funciona a telefonia celular.
Na concessão, as teles cumprem obrigações de cobertura e qualidade definidas pela Anatel. A agência reguladora do setor determina até a ordem dos locais que serão atendidos, o que nem sempre segue a lógica comercial. Na autorização, as empresas também têm metas, mas ficam livres para começar pelas áreas mais rentáveis.
Outra possibilidade seria incluir a internet no atual modelo de concessão. Neste caso, o governo esticaria o prazo dos contratos por mais 20 anos para que, em contrapartida, as operadoras possam amortizar os investimentos.
A terceira ideia mistura os dois regimes -público (concessão) e privado (autorização). Nas grandes praças, áreas com muita oferta e competição, valeria o modelo de autorização. A concessão vigoraria onde só existe uma prestadora, por exemplo, logo não há competição.
Nos três modelos, o governo calcularia a vantagem econômica para as teles com as novas regras e os valores seriam reinvestidos para universalizar o acesso à internet.
PRIVATIZAÇÃO
Tanto as teles quanto o governo perdem com as regras atuais, criadas em 1997 na esteira da privatização do setor.
Naquele momento, a internet era uma tecnologia incipiente e o governo priorizou a telefonia fixa no regime de concessão.
Porém, a telefonia celular foi crescendo e, com a massificação da internet móvel, é hoje o principal canal de comunicação dos brasileiros.
Com as propostas em estudo, o governo pretende dar peso de serviço público ao acesso à internet.
Já as teles querem acabar com o regime de concessão e incorporar os bens herdados na privatização, que teriam que ser devolvidos ao governo pelas regras atuais.
Em troca, as empresas fariam investimentos proporcionais para melhorar a qualidade da rede e levar a internet para todos os domicílios.
Fonte: Aesp