Durante muitos anos nos Estados Unidos, as emissoras de TV aberta permitiram que operadoras de TV por assinatura transmitissem seu conteúdo gratuitamente. A partir de 2006, no entanto, essas companhias perceberam que seu conteúdo tinha uma audiência significativa mesmo nos pacotes de TV paga e começaram a negociar com operadoras pela transmissão do seu conteúdo, disse Gordon Smith, presidente e executivo-chefe da National Association of Broadcasters, associação que reúne os radiodifusores dos EUA.
Smith estima que a venda de conteúdos representa 20% da receita das emissoras de TV. Os 80% restantes são obtidos com publicidade. De acordo com a associação, este ano, as emissoras de TV abertas e os canais pagos terão uma receita de US$ 3,2 bilhões com contratos para transmissão de seus conteúdos. Smith não soube dizer quanto dessa receita fica com as emissoras de TV aberta.
No país, há 1.782 emissoras de TV geradoras de conteúdo e 5,8 mil operadoras de TV por assinatura. Smith disse que o valor do conteúdo é definido individualmente nos contratos entre emissoras e operadoras. O executivo não soube dizer qual o valor médio desses contratos. “No Brasil, muitas famílias ainda usam antenas para assistir à TV aberta, mas, nos Estados Unidos, toda transmissão é feita por cabo ou satélite”, comparou Smith.
De acordo com o executivo, em 99% dos casos a negociação é amigável, mas há conflitos, como a recente disputa entre a CBS e a Time Warner Cable sobre o valor pago à CBS para o carregamento dos seus canais nos pacotes da operadora. “Acredito que eles resolverão o problema em alguns dias”, disse.
Para o executivo, o Brasil realiza a migração do sinal analógico para o digital em um momento favorável. Nos EUA, o sinal digital foi desligado em 2009 e o processo durou seis meses. O governo americano, disse, gastou bilhões de dólares para fornecer conversores digitais à população.
“O Brasil está aberto a incluir no processo de mudança a transmissão de sinal em outras plataformas além da TV, como smartphones e tablets”, afirmou. “Nos Estados Unidos, as emissoras estão preparadas para a TV em casa. Agora, elas precisam se readaptar para a transmissão de conteúdo em qualquer dispositivo”, comparou Smith.