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Rádio brasileiro: muito além dos 100 anos

Esta história é real. Dias atrás, em uma das aulas de graduação que ministro no Rio de Janeiro, alguém fez a seguinte provocação: “Professor, falando sério: o rádio ainda existe? Com tantos aplicativos de música, quem ainda ouve rádio?”. 

 

Parte da turma não conteve os olhares de espanto e iniciou-se um inflamado debate. Uma moça disse adorar ouvir certa emissora especializada em pop internacional, enquanto um rapaz falou de uma rádio que tocava em todos os táxis e consultórios médicos onde entrava. Em meio à algazarra, alguém disparou: “Mas ainda tem aquelas rádios que mandam abraço para dona de casa da zona oeste?”, em referência à populosa região da capital fluminense. “Claro! Ouvi muito na cozinha com a minha avó!”, revelou uma pessoa, enquanto outra citava famosos locutores esportivos e seus respectivos bordões.

 

Até tentei interromper a discussão, mas rapidamente mudei de ideia. Deixei que aquele vozerio prosseguisse por mais alguns instantes, pois percebi estar diante de uma cena fantástica: jovens, a maioria com cerca de 20 anos de idade, partindo em defesa de uma mídia mais que centenária e dada como morta.

 

Quando senti que a temperatura começou a baixar, fiz algumas colocações. Mencionei o fato de o Brasil ter cerca de 10 mil rádios, sendo que quase metade delas é comercial. Contei que essas emissoras atraem centenas de milhões de reais em investimento publicitário e geram milhares de empregos diretos e indiretos. Lembrei do grande impacto econômico e social que esse meio exerce em todas as regiões. Por fim, falei que o rádio é democrático, afinal, ele não exige saber ler ou escrever, comprar aparelhos caros ou pagar mensalidades.

 

A turma emudeceu e a aula prosseguiu. Depois, entramos no assunto YouTube. Todos concordaram que essa plataforma representa o presente e o futuro da comunicação. Logo citaram podcasts, além de certos canais de notícias e opinião. Por coincidência, todos os exemplos trazidos pelos próprios alunos tinham relação com o rádio, seja pelas emissoras que produziam os conteúdos, seja pelas técnicas dessa mídia aplicadas ao contexto digital.

 

O rádio é exemplo de força e renovação
Moral da história: o rádio segue fazendo parte da vida de todos, ainda que de formas distintas. Esse caráter camaleônico do meio ajuda a explicar a sua sobrevivência ao longo de todos esses anos. Ele nasceu da ciência, se institucionalizou pelas mãos de aficionados, cresceu com o dinheiro dos anunciantes, avançou através do transistor, melhorou com a FM e se renovou pela internet.

 

Em contrapartida, tantas mutações tornam difícil definir o que é rádio. Não são poucos os que confundem aparelho receptor com linguagem de comunicação. Ouvir menos rádio de pilha, por exemplo, não significa ouvir menos rádio, já que as emissoras podem ser sintonizadas nos mais diversos devices e lugares: do smartphone à smart TV, do carro ao banheiro.

 

Apesar de todos nós já sabermos que o rádio brasileiro não começou no dia 7 de setembro de 1922, e sim bem antes, podemos aproveitar esse momento para sublinhar toda a importância que essa mídia tem para a construção daquilo que chamamos de cultura. As emissoras e seus profissionais contribuíram de forma decisiva para que o nosso país tivesse uma identidade única, ainda que ampliada e enriquecida pelos contextos de cada localidade.

 

Diante das inúmeras revoluções impostas pela imparável marcha da tecnologia, o rádio prova que mudar não é sinal de fraqueza, mas de força. Mais do que um exemplo de sucesso, o rádio é uma lição de vida.

 

Fernando Morgado

 

fonte: TUDO RÁDIO / AESP

DESTAQUE SERTESP - 23/05/2024

COMUNICADO A TODAS AS EMISSORAS DE RÁDIO, TELEVISÃO E PRODUTORAS

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