São Paulo – Especialistas discutiram os riscos e desafios da implementação da taxa de uso da rede para a indústria audiovisual brasileira

O SET Expo 2024, encerrado na quinta-feira (22) no Distrito do Anhembi, na capital paulista, teve o painel intitulado “Taxa de Uso da Rede ou Uso Sustentável da Rede? O Cenário Digital Brasileiro”. Diversos especialistas da indústria de radiodifusão discutiram o impacto da cobrança pelo uso da rede, conhecido como “fair share”.

Cristiano Lobato Flôres, diretor geral da ABERT, destacou os riscos que esse modelo de cobrança poderia trazer à indústria audiovisual brasileira. Ele afirmou que “o conceito de oneração de outros elos da cadeia não nos parece uma medida necessária, adequada, e, sobretudo, proporcional”, argumentando que os efeitos positivos de tal intervenção estatal não são claros e sugerindo que existem outras maneiras de garantir a sustentabilidade da rede sem comprometer sua neutralidade, como o uso dos fundos setoriais já existentes.

Alessandro Molon, diretor executivo da Aliança pela Internet Aberta (AIA), também criticou a proposta, classificando-a como uma “solução equivocada para um problema que não existe no Brasil”. Molon expressou preocupação de que a taxa de rede resultaria em uma cobrança dupla para os consumidores, aumentando o custo dos serviços para aqueles que já pagam por banda larga para acessar conteúdo.

Paulo Tonet Camargo, presidente da AIR e conselheiro da ABERT, que moderou o painel, destacou a complexidade do tema e sua inserção no contexto das evoluções tecnológicas, surgimento de novos atores digitais transnacionais, e a necessidade de políticas públicas que garantam a sustentabilidade de indústrias vitais, como telecomunicações e mídia. O evento também contou com a participação do conselheiro da Anatel, Artur Coimbra, e do presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari.

fonte: TUDO RÁDIO