Empresas de comércio eletrônico investem cada vez mais em campanhas na TV para ganhar credibilidade e vender mais
Você compraria algo anunciado no site de classificados OLX? Se essapergunta fosse feita há pouco mais de um ano, a resposta mais provável seria um desconfiado “não”. Mas desde que deixou a TV a cabo e iniciou uma campanha massiva nos maiores canais de TV aberta, o OLX tornou-se mais conhecido e sua operação dobrou, passando de 75 mil para 150 mil pageviews ao mês.Até o número de funcionários no escritório da empresa, em São Paulo, cresceu, passando de 15 para 45 pessoas. “Quando a pessoa vê um anúncio da empresa na TV, ela passa a considerar que essa companhia é séria”, diz Rodrigo Ribeirão Geraldi, diretor presidente do OLX no Brasil.
“O consumidor vê o site na TV e entende que aquele empresa é grande, que vai entregar o que ele comprar”, declara diz Fernando Taralli, presidente da agência VMLBrasil, que atende sites como Dafiti, Groupon, Mobile e Hoteis.com – todos com campanhas na TV.
Em busca dessa “chancela” dada pela TV, muitos sites de comércio eletrônico estão aumentando a amplitude de suas campanhas, antes focadas só no online,e investindo milhões para aparecer na telinha. Todos guardam a sete chaves, com medo da concorrência, o valor investido. Mas nenhuma campanha, segundo fontes de mercado, não sai por menos que alguns milhões.
O investimento,porém,valea pena, segundo Alípio Camanzano,presidente do Decolar.com– o primeiro site a investir em campanhas na TV aberta. “Começamos há três anos e não paramos mais. Agora estamos com uma campanha com dez celebridades, entre artistas,músicos e esportistas, que vai ficar sete meses na TV”,dizele.Além do retorno em vendas – que ele prefere não quantificar, “por causa da concorrência” – a TV ajudou a construir a marca. “A TV dá credibilidade, coisa que o anúncio online não faz”, afirma. “O que estamos aprendendo é que cada meio passa uma mensagem,como dizia o bom e velho McLuhan”, diz Taralli, da VML, citando Herbert Marshall McLuhan, estudioso das comunicações, autor de O Meio é a Mensagem, de 1967. Para o publicitário, cada meio tem sua utilidade quando usado em uma campanha. “A publicidade on line pesca o consumidor que está online. A TV, constrói marca. O meio impresso, que é o passo seguinte,dá o apoio,reforça a construção de marca”,afirma Taralli.
Outra vantagem da TV, em relação ao online, é a velocidade dos resultados. “Ao entrar na TV, em questão de dias todas as métricas melhoram na casa dos dois dígitos: cliques, pageviews, vendas”, afirma ele.
A explicação é matemática,segundo Cris Rother,diretora executiva do eBit.“A TV aberta atinge cerca de 98% da população de 200 milhões de brasileiros. A internet chega a 84 milhões e, desse total,37 milhões são consumidores on line”, diz ela, que já foi profissional de mídia na Rede Globo e também executiva do Ibope.“A TV é uma boa forma de chegar a consumidores que ainda não estão acostumados às compras online”, acrescenta.
Mas, segundo publicitários e empresários, não é qualquer investimento em TV que funciona. O primeiro passo é não ficar apenas na TV a cabo e partir para a TV aberta. “A TV a cabo tem audiência muito diluída.O telespectador muda muito de canal”, diz Geraldi, do OLX, que começou investindo apenas na TV a cabo,e depois passou para os canais abertos.
Na TV aberta, também não é qualquer canal que dá resultado. “Cerca de 85% da audiência no Brasil é concentrada em apenas umcanal”,dizGeraldi.“Isso não acontece em nenhum dos 96 países em que o OLX está. Nem no Paquistão”, afirma.
Fonte:O Estado de S.Paulo -Negócios