A poucos dias do segundo turno, luto para que a decepção (com alguns intelectuais) e o desânimo (com a maior parte dos políticos) não tomem conta de mim. Luto, sobretudo, para que o medo do que pode acontecer ao país no futuro não se apodere de mim.
O controle social da mídia (o novo nome da censura à imprensa), tentado mais de uma vez pelo governo Lula, assombra hoje São Paulo, Ceará, Bahia, Alagoas e Piauí. E, na campanha em prol da sua escolhida, Lula ultrapassa todos os limites, virando um cabo eleitoral agressivo, movido a poder, ódio e ressentimento.
Essa orquestração mete medo a quem tem juízo!
Às vésperas do segundo turno das eleições para o mais elevado cargo da República e revoltado com o espetáculo grotesco encenado pelo presidente Lula nesses últimos dias, o que me faz agora não perder a esperança é a lucidez de Hélio Bicudo, um político de mãos, alma e coração limpos, um jurista de escol e um exemplar ativista dos direitos humanos. É ele, felizmente, quem me dá forças para cumprir este compromisso semanal. A ele, pois, cedo este espaço.
“Em uma democracia, nenhum dos poderes é soberano. Soberana é a Constituição. É ela que dá corpo e alma à soberania do povo. Acima dos políticos, estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático. É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político e máquina de violação de sigilos”.
“É lamentável que o presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle”.
“É constrangedor que o presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas 24 horas do dia. Não há ‘depois do expediente’ para um chefe de Estado. É constrangedor, também, que não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder”.
“É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político”.
“É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a história, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo”.
“É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Judiciário”.
O que de fato Hélio Bicudo pede ao povo brasileiro, do alto dos seus 88 anos, é que não capitule, mas, ao contrário, “erga sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade”.
Unamos o país que Lula e o PT insistem em dividir!
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