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A saída está na América Latina

Crise nos jornais dos Estados Unidos e Europa faz empresas estrangeiras mirarem os países latinos

A recuperação da economia e a baixa conectividade em banda larga de internet colocam a América Latina nos planos de expansão dos maiores jornais impressos do mundo. A região registrou crescimento de 5% na venda de jornais nos últimos anos, de acordo com a Associação Mundial de Jornais. No Brasil, a circulação das publicações está aumentando desde 2004, conforme dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Até o ano passado, a média foi de 4,6% ao ano, com destaque para os títulos mais populares, até R$ 1: 10,3% a mais em 2011 contra 1,6% dos grandes jornais, que custam acima de R$ 2. Mais que o cenário atual favorável, a América Latina também tem boas perspectivas de crescimento. Segundo estudo da Pricewaterhouse Coopers, a circulação de jornais na região vai crescer pelos próximos cinco anos, em especial no Brasil, Chile e Argentina.

Este bom desempenho atraiu grandes empresas mundiais de comunicação, que veem aqui uma chance de escapar da crise da mídia impressa, mais expressiva nos Estados Unidos e Europa. Ontem, a revista norte-americana Newsweek anunciou os planos de encerrar a edição impressa depois de 80 anos e migrar para um formato digital. A última edição em papel deve sair dia 31 de dezembro.

Os pioneiros foram o Financial Times e El País, que recentemente abriram redações em São Paulo e na Cidade do México. Durante a 68.ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que reuniu 600 jornalistas entre 12 e 16 de outubro em São Paulo, o New York Times (NYT) também detalhou os planos de expansão do jornal, que pretende abrir um site no Brasil. De acordo com a Constituição Brasileira, para atuar no país, 70% do capital da organização noticiosa tem de ser de brasileiros.

Arthur Sulzberger Jr, publisher do The New York Times, afirma que o Brasil é lugar perfeito para o NYT expandir os negócios. Com lançamento previsto para o segundo semestre de 2013, o site em português e com sede em São Paulo terá de 30 a 40 reportagens por dia. Um terço delas será produzido especificamente para o site brasileiro, por jornalistas locais, e o restante será tradução do NYT. “Agora é o momento de investir no país”, disse, ao destacar sua importância econômica, a cultura e o perfil do público, segundo ele, de “curiosidade intelectual ilimitada”. A investida do jornal novaiorquino ocorre ao mesmo tempo em que outros grandes grupos apostam no país. A CNN, o Los Angeles Times, ambos dos EUA; a Al Jazeera, do Qatar, e a agência de notícia Xinhua, da China; têm aumentado ou planejam expandir suas operações na América Latina.

Presidente do grupo Prisa, que edita o El País, Juan Luís Cebrián acredita que a incorporação de milhões de cidadãos à classe média em países como Brasil, Colômbia e Peru favorece o plano de expansão do grupo que controla o jornal. A estabilidade econômica e política também é apontada como diferencial dos latino-americanos em relação a outros emergentes, como Índia e China.

O El País está investindo na América Latina onde já é impresso em cinco localidades diferentes – uma delas São Paulo –, com circulação de 40 mil exemplares. No ano passado, abriu uma redação no México. Atualmente, 31% dos usuários estão em outros países de língua espanhola e Brasil. As redações em Madri, na Cidade do México e em Washington funcionam 24 horas.

Sites ainda não são rentáveis

Na opinião do jornalista e professor brasileiro Rosental Calmon Alves, especialista em veículos de comunicação social da Universidade do Texas (EUA), a busca pela sustentabilidade econômica do jornalismo impresso ainda não passou de tentativas fracassadas. Durante a exposição na 68.ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alves lembrou que o grande problema dos jornais é a perda de receita publicitária. “Há 60 anos os jornais estão perdendo leitores. A dificuldade está em obter receita, que praticamente despareceu”, disse.

O presidente do grupo Prisa, que edita o El País, Juan Luís Cebrián, disse não há respostas sobre os novos modelos de financiamento. Para ele, ninguém migrou do papel para versões digitais com sucesso. “Nenhum dos modelos é rentável”, diz.

O PayWall, cobrança virtual adotada pelo New York Times e outros jornais ao redor do mundo, também foi criticado. “Jornais tentaram cobrar o conteúdo nos anos de 1990 e não funcionou. Por que daria certo hoje?”, questiona Alves.

O futuro da mídia impressa foi tema de boa parte das discussões da assembleia. O ex-diretor-presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini, defendeu o pagamento pelos conteúdos jornalísticos na internet e fez um apelo para que os veículos on-line investiguem os ciberleitores para oferecerem um produto mais dirigido.

Para o CEO da New York Times Company, Arthur Sulzberger Jr., o jornalismo do futuro está nas plataformas móveis e na web, e isso é uma condição global. O New York Times está na rede desde 1996. Tem dois milhões de assinantes pagantes, entre os que consomem conteúdo impresso e em meios digitais.

A principal conclusão dos debates é que os tempos são de mudança e não existe uma única saída. Cada veículo precisa buscar uma alternativa. Para o professor Alves, as empresas de mídia têm de se assumir como empresas de tecnologia. “Ninguém mais é só jornal ou televisão, é uma plataforma tecnológica. Para sobreviver, o jornalismo precisa do empreendedorismo. Estávamos acostumados só a melhorar o que nós tínhamos, precisamos reinventar, criar coisa novas e não ter medo de errar”.

Fonte:Gazeta do Povo – Curitiba -Mundo

DESTAQUE SERTESP - 23/05/2024

COMUNICADO A TODAS AS EMISSORAS DE RÁDIO, TELEVISÃO E PRODUTORAS

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