A Anatel fecha com sucesso o leilão de venda de mais quatro posições orbitais brasileiras. Apesar de surgirem apenas quatro interessados para a venda de quatro licenças, houve disputa entre as empresas, o que fez o ágio máximo chegar a 83% e o ágio final atingir 69,55%. O governo arrecadou com este leilão R$ 183.755,020 milhões.
A Anatel fechou com ágio de 69,55% o seu leilão de quatro posições orbitais brasileiras, conseguindo arrecadar para o Tesouro Nacional nada menos do que R$ 183,7 milhões., mais do que no ano passado, quando já havia arrecadado R$ 153 milhões. Um tento, frente a um cenário de crise econômica. Mas o setor de telecomunicações parece seguir incólume às previsões mais pessimistas. Embora o mercado não esperasse grandes disputas – afinal, eram quatro licenças, para quatro empresas que formalizaram interesse – à medida que as opções de compra foram diminuindo, aumentavam o apetite das concorrentes e os lances ofertados na licitação realizada hoje, 26 de maio.
As duas primeiras posições orbitais foram arrematadas pela empresa canadense, Telesat, que já tem um satélite brasileiro, comprado na primeira licitação realizada pelo governo na década de 90. Desta vez, a empresa comprou as duas órbitas que podia. Pela primeira posição, que não teve disputa, a Telesat apresentou logo um alto ágio, de 57%, e levou o satélite por R$ 42,5 milhões. Também na segunda etapa, a empresa canadense aumentou o preço logo de partida. Mas enfrentou disputa da francesa Eutelsat. Mesmo asssim, amealhou a órbita pelo preço de R$ 46,8 milhões, valor 73% mais alto ao preço mínimo de R$ 27 milhões estipulado pela agência.
A terceira posição orbital foi comprada pela estreante árabe (de Abu Dhabi), Star Satellite, que foi para a disputa de preço com a Eutelsat. Levou a órbita por R$ 44,1 milhões, ágio de 63%. No leilão do ano passado a empresa já havia tentado comprar um pedaço do espaço sideral brasileiro, mas não conseguiu levar.
A quarta posição foi arrematada pela Hispamar, já atuante no Brasil com duas posições orbitais (e pela qual pagou o mais alto preço no ano passado, R$ 68 milhões), pelo preço de R$ 50,295 milhões, também o mais alto ágio, de 86%.
Conforme as regras do edital, cada empresa podia ficar com até duas posições orbitais. Com isto, a Eutelsat, que também elevou bastante o valor da oferta nas três últimas etapas, mas acabou não levando qualquer posição orbital, ficou de fora. A exceção da empresa árabe, as demais já têm posições satelitais brasileiras e queriam ampliar seu portfólio.
O edital prevê ainda que deverá ser pago 10% do valor ofertado na assinatura do contrato e o restante em pagamentos anuais em seis anos, corrigidos pelo IGPDI e juros mensais de 1%. Esta fórmula, que encare muito o preço da licença nos próximos anos, poderá servir de estímulo para alguma empresa pagar à vista o que deve, recursos extras que serão muito bem-vindos pelo Tesouro Nacional.
À exceção da Hispamar, que construirá o seu satélite em banda Ku, as demais empresas informaram que irão lançar os seus novos satélites em banda Ka. As duas tecnologias oferecem o serviço de banda larga fixa, mas a Ka exige uma antena de recepção menor. As empresas têm de quatro a seis anos para lançar os satélites.
A última posição orbital foi disputada por duas empresas coligadas. A Eutelsat tem 20% da holding Hispasat, que detém 80% da Hispamar. Mas segundo seus executivos, a empresa francesa abriu mão de participar do controle da espanhola devido a portaria 101 da Anatel.
Mercado brasileiro
O Brasil tem hoje 17 posições orbitais próprias ocupadas. A Embratel e sua subsidiária, Star One, continua a ser a que detém o maior número de satélites na órbita brasileira. A empresa do grupo America Móvil possui 10 posições orbitais brasileiras com satélites em banda C, Ku, Ka e X (militar).
Em seguida vem as europeias Eutelsta, Hispamar e SES com duas posições orbitais cada, nas bandas C, Ku e Ka. Depois, a Echostar, com uma posição orbital e satélites de bandas Ku, Ka e S. Por fim, a Telebras, com uma posição orbital de Ka e a Telesat, que tinha uma posição orbital.
Com este novo leilão, Telesat e Hispamar se fortalecem no território sul americano e surge um novo concorrente.