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Desacreditado, padrão de TV digital adotado no Brasil já chega a oito países



Expansão. Apontado como azarão na competição internacional frente aos padrões europeu e americano, mais antigos, sistema nipo-brasileiro chega também às Filipinas; governo brasileiro agora negocia a adoção do padrão pelos países da África
16 de junho de 2010 | 0h 00

Karla Mendes – O Estado de S.Paulo

As Filipinas acabam de aderir ao sistema nipo-brasileiro de TV digital. O acordo foi fechado na segunda-feira, conforme revelou à Agência Estado André Barbosa, assessor especial da Casa Civil. Com isso, além do Brasil e do Japão, chega a oito o número de países que aderiram ao sistema: Argentina, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Paraguai e Costa Rica já haviam formalizado sua adesão.

Agora, o governo brasileiro aposta todos os trunfos para expandir o padrão nipo-brasileiro para os países da África. Um grupo de empresários africanos virá ao Brasil até o fim do mês para ter acesso a todos os detalhes da tecnologia. A cartada final será a ida do presidente Luiz Inácio Lula a Silva ao continente africano para a Copa do Mundo, no início de julho, o que deve dar mais peso às negociações.

“Independentemente de o Brasil estar participando da Copa do Mundo, vamos fazer demonstrações de equipamentos em vários países, aproveitando a presença do presidente Lula”, destacou Barbosa. Nessas ocasiões, serão apresentados aos africanos TVs de alta definição, conversores de sinal analógico para digital (os chamados set top boxes) e celulares. “O que ficamos sabendo é que vão decidir até o final de julho o padrão de TV digital. Por isso, essa viagem do presidente é fundamental”, ressaltou Barbosa. Segundo o assessor, caso os países da África assinem o acordo, o padrão nipo-brasileiro de TV digital será o mais importante do mundo.

Um ponto favorável ao Brasil, na visão de Barbosa, é a possibilidade de países da África e Ásia usarem a tecnologia brasileira para promover o acesso da população à banda larga, já que o sistema nipo-brasileiro permite interatividade via TV. “É isso que faz a diferença do nosso padrão em relação aos outros. A Europa, os Estados Unidos e o Japão têm banda larga. Por isso, nunca viram a TV digital como um instrumento para encurtar o caminho da inclusão digital”, frisou.

Conversores. Ancorado nesse ganho de escala, o governo quer também baixar os preços dos conversores para os televisores analógicos. Na próxima segunda-feira, está marcada uma reunião com a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), em que será apresentada uma proposta de incentivos ficais, como redução de PIS e Cofins, com o objetivo de estimular a produção de conversores e reduzir o custo para o consumidor final. A proposta está sendo discutida com o Ministério da Fazenda.

Atualmente, há poucas opções de modelos e marcas no varejo, e o preço do equipamento exclui boa parcela da população. Isso porque, desde a primeira fase de implantação da TV digital no Brasil, a indústria optou por investir em televisores que já têm o conversor embutido, o que lhe confere maior margem de lucro. O mesmo vale para as lojas de eletroeletrônicos.

Agora, porém, o governo aposta na reversão desse cenário, a partir do mercado potencial para exportação de conversores para os países que aderiram ao sistema. Outro foco é a população que não tem poder aquisitivo para comprar um aparelho de alta definição. “O que fazer com as TVs que não têm o conversor embutido? Há um mercado potencial de 30 milhões de set top box para serem vendidos”, disse Barbosa.

Ele lembra que a indústria detém grandes estoques de TVs analógicas, que só serão vendidas mediante a disponibilidade de conversores para serem acoplados ao equipamento por preços acessíveis. “Antes, não era interessante (para a indústria). Agora mudou. A camada da população que poderia comprar TVs de alta definição está praticamente esgotada.”

Expansão externa do sistema surpreende
Cenário
16 de junho de 2010 | 0h 00

Renato Cruz – O Estado de S.Paulo

O chamado sistema nipo-brasileiro é uma evolução da tecnologia adotada no Japão. São duas as principais diferenças: o padrão de compressão de vídeo foi atualizado, de MPEG-2 para MPEG-4, e o software de interatividade é o Ginga, desenvolvido no Brasil.

Sua expansão externa tem surpreendido. O Brasil e o Japão conseguiram fazer até com que países revertessem a escolha de outros sistemas. A Argentina havia anunciado que adotaria o sistema americano ATSC, antes de mudar para o padrão nipo-brasileiro ISDB. O mesmo aconteceu com as Filipinas, que tinham escolhido o europeu DVB, e depois acabaram escolhendo o ISDB.

Por ser o último a ser definido, o padrão nipo-brasileiro é o mais avançado. Ele permite, por exemplo, a transmissão de sinal para o celular dentro do próprio canal de TV, o que não é possível em outras tecnologias.

O MPEG-4, uma tecnologia mais avançada de compressão, possibilitou que a RedeTV! se tornasse a primeira emissora de TV aberta do mundo a ter transmissões regulares em três dimensões (3D), pois ela consegue transmitir, em um só canal, o sinal em alta definição, o sinal 3D e o sinal para celulares. Apesar do sucesso externo, a adoção da tecnologia no País tem ficado abaixo do esperado. Os consumidores ainda não descobriram quais são as vantagens da TV digital.

Fonte: O Estado de S.Paulo – Economia & Negócios

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