Apesar de pequena em população e extensão territorial, a Suíça é um país importante para se analisar o consumo de rádio. O motivo? Por lá, o setor passa por um forte processo de migração para o digital e, numa interpretação superficial, se confunde com um possível fim do rádio via ondas terrestres. Na verdade, o rádio via antena segue forte e responsável por grande parte da escuta, mas em formato digital (DAB+), além do consumo crescente de streaming. A pesquisa mais recente sobre o consumo por lá, que se debruça no consumo diário (tiro curto), mostra que o rádio atinge 72% da população local em apenas 1 dia de medição.
De acordo com os dados da Fundação Mediapulse para o segundo semestre de 2023, diariamente 5,3 milhões de pessoas a partir dos 15 anos ouvem rádio na Suíça, correspondendo a 72% de alcance diário. O tempo médio de consumo das emissoras é de 112 minutos por dia. O estudo destaca que o público é fiel às suas emissoras, tendo um comportamento de tempo estável para a escuta de programas de rádio.
O número de ouvintes e a extensão do uso do rádio variam nas três regiões linguísticas, já que a Suíça é separada dessa forma. Com um alcance diário de 77%, o rádio linear na Svizzera italiana alcança a maior penetração. Na Deutschschweiz (Suíça Alemã), o alcance diário é de 73%. Em contrapartida, os ouvintes de rádio na Deutschschweiz usam o meio por 117 minutos por dia, seis minutos a mais do que seus compatriotas na região de língua italiana. Com um alcance diário de 69% e uma duração média diária de uso por ouvinte de 96 minutos, o uso do rádio na Suisse romande (mais próxima à França) está abaixo da média nacional em ambos os indicadores.
Em comparação com o segundo semestre de 2022, confirmam-se duas tendências opostas no uso do rádio, que já haviam sido observadas nos anos anteriores. Por um lado, o alcance diário do rádio na Suíça caiu de 75% no segundo semestre de 2022 para 72% no último semestre. Por outro lado, a duração média diária de escuta por ouvinte aumentou de 109 para 112 minutos. Em outras palavras: em comparação com 2022, o rádio linear atinge menos pessoas, mas elas utilizam suas ofertas por mais tempo.
Porém, o consumo de áudio em todo o mundo é crescente através de fones de ouvido, algo que a pesquisa de rádio da Mediapulse não registra. Isso pode impactar de alguma forma nesse alcance, já que há uma transformação a favor desse tipo de dispositivo.
O estudo da Mediapulse também destaca a evolução na forma como o rádio é consumido, incluindo a ascensão de formatos como o streaming ao vivo, embora a escuta linear através de fones de ouvido também não tenha sido contemplada. A pesquisa não cobriu a utilização de rádio sob demanda, ou seja, em conteúdos como de podcasts. Mas considera o streaming de áudio ao vivo e a recepção em DAB+.
E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
Com informações do portal Radiozene.de e Mediapulse. Colaboração de David Duck
Autor: Daniel Starck
fonte: TUDO RÁDIO