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Duelo de compadres


Caetano Veloso de um lado, Gilberto Gil do outro.

Parceiros na criação do movimento tropicalista, em 1967, os dois acabaram se tornando, nas últimas semanas, símbolos da polarização de opiniões dos artistas da MPB na discussão em torno da lei de direito autoral.

Em 20 de janeiro, a ministra Ana de Hollanda retirou o selo Creative Commons do site do MinC, colocado na gestão de Gil (2003-2008).

As licenças Creative Commons tornam mais flexível o uso de obras artísticas (como liberação prévia para uso em blogs ou remixes), em contraposição ao “copyright” (no qual o artista precisa autorizar caso a caso).

De um lado do ringue, Gil entende que as flexibilidades das licenças CC estão mais de acordo com a era digital, com o mundo pós-internet.

Do outro lado, Caetano, apoiado pela maior parte dos compositores que entraram na discussão -Roberto Carlos, Joyce, Jorge Mautner e outros- se posicionou contra as CC, dizendo que “ninguém toca em um centavo dos meus direitos autorais”.

Em seguida, Gil criticou os opositores às CC de não levarem o diálogo para “uma dimensão esclarecedora”.

Procurado pela Folha no começo da semana passada, Caetano disse, por e-mail, que vestia a carapuça tecida pelo velho companheiro.

“Visto. Mas não me causa incômodo”, disse. “Eu não teria tocado no tema se a discussão, que o ministério Gil trouxe para dentro da política oficial, não me parecesse atraente e inevitável.”

STATUS QUO

“Pois está na hora de ele tirar a carapuça”, rebateu Gil, na quarta-feira passada, depois de fazer um show para internet. “De encarapuçados não precisamos. Todos têm que estar com suas feições claras, nítidas, à mostra, dizendo o que acham.”

E seguiu. “Foi sempre assim: os que defendem o novo têm que ter argumentos mais nítidos. Os que reagem, porque estão defendidos pelo status quo, não precisam disso, precisam apenas reagir.”

A reportagem retomou o assunto com Caetano, no dia seguinte. O músico chamou a paixão de Gil pelos avanços tecnológicos de “um pouco fascinada demais, tendendo para deslumbrada”.

“Gil escreveu [a canção] “Pela Internet”, mas, diferentemente de mim, não é uma pessoa de internet. Não é muito familiarizado, não anda muito nem no e-mail. Ele gosta mais é da ideia.”

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