Em discurso na posse do ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), a presidente Dilma afirmou que seu governo, em nenhuma hipótese, fará algo que possa “impedir a livre manifestação das pessoas e a liberdade de imprensa”. Para ela, o país precisa conviver com a liberdade de protesto. – BRASÍLIA- A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem no discurso de posse do novo ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, que seu governo é comprometido com a liberdade de imprensa e a livre manifestação. Dilma disse que, como outros de sua geração, lutou contra a ditadura e, por isso, sabe o valor desses princípios. Segundo a presidente, o novo ministro atuará seguindo a orientação de respeitar a liberdade de expressão, seja na imprensa tradicional, na internet, nos blogs, nas redes sociais, ou nas ruas e praças.
— Somos contra a censura, a autocensura, as pressões, os lobbies e os interesses não confessados que podem coibir o direito à livre manifestação e à liberdade de imprensa. Por isso, mais uma vez, aproveitando a posse do Edinho Silva, reitero que nós não temos e não teremos, sob nenhuma hipótese, sob nenhuma circunstância, qualquer ação no sentido de coibir, de impedir a livre manifestação das pessoas e a liberdade de imprensa — disse a presidente.
Segundo Dilma, a liberdade de expressão é a grande conquista do processo de redemocratização do país.
— Liberdade de expressão e de imprensa são, sobretudo, o exercício do direito de ter opiniões, do direito de criticar e apoiar, o direito de ter oposições e o direito de externá-las sem consequências e sem repressão. É liberdade também de ir às ruas reivindicar direitos ou simplesmente protestar. No Brasil, nós temos que saber conviver com isso.
Dilma disse ainda que é papel do governo conversar com o povo e enfrentar o contraditório, além de responder às demandas da população.
Depois de citar a “blogosfera”, Dilma informou que orientou o novo ministro a “apoiar a expansão das teias de opiniões, olhares e interpretações da realidade à disposição dos brasileiros”, e a adotar “o mais rigoroso cuidado quanto à veiculação de informações públicas e à publicidade oficial”.
Edinho falou que neste momento de crise que o país enfrenta, o fundamental é manter diálogo franco com a sociedade e com o Congresso. Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, ex-deputado e presidente do PT de São Paulo por cinco anos, o novo ministro da Secom é alinhado ao ex-presidente Lula, que esperava sua nomeação, e tem bom trânsito com Dilma. É conhecido por ser conciliador.
— É inegável que é momento de turbulência, de ajustes. O que precisamos é estabelecer diálogo franco com a sociedade. Este governo tem credibilidade e pode exercer essa credibilidade mostrando o que vai ser feito no nosso futuro. Na minha gestão não tem tema proibido, não tem conflito que não possa ser explicado, não tem contradição que não possa ser esclarecida — afirmou.
Edinho prometeu conversar com a imprensa diariamente. Depois de reeleita, Dilma chegou a ficar quase dois meses sem aparecer publicamente e dar entrevistas. Há duas semanas, depois das manifestações da 15 de março, mudou de postura e passou a viajar, falar e receber políticos.
Quanto à verba da Secom, de cerca de R$ 200 milhões ao ano para campanhas publicitárias, Edinho disse que manterá a distribuição baseada em critérios técnicos, ou seja, de acordo com circulação e audiência de cada veículo, respeitando diversidades regionais e culturais.
— Serei gestor zeloso para que a gente possa garantir boa utilização dos recursos públicos para chegar ao maior número de veículos — disse.
Edinho assume a Secom no lugar de Thomas Traumann, que saiu após o vazamento de um documento que classifica a comunicação do governo como “errada e errática”. Ontem, Dilma agradeceu o trabalho de Traumann e lembrou que, com ele, passou por momentos “complexos”, mas também tiveram vitórias importantes.