A indústria de jornais no Brasil precisa achar novos formatos para vender conteúdo em canais fora do tradicional meio impresso. O mundo ganhou mobilidade e a circulação de informações está nos celulares, tablets e outros equipamentos que o consumidor carrega consigo. Como chegar nessa audiência e cobrar por isso foi o assunto dominante nos debates que encerraram ontem o 8.º Seminário Nacional de Circulação da Associação Nacional de Jornais (ANJ), em São Paulo.

“A audiência não vem apenas do impresso ou da versão online”, ressalta Verônica Barros, diretora do Jornal do Commercio, de Pernambuco, e membro do comitê do mercado leitor da ANJ. “Temos de adaptar o conteúdo certo, para a plataforma certa e cobrar por isso. Um exemplo é: por que não cobramos para passar por SMS os leads das reportagens que estão sendo preparadas pela redação para a edição impressa?”

Modelos. Os profissionais das empresas jornalísticas reunidos no evento avaliaram as experiências de cobrança de conteúdo digital que já vêm sendo realizadas no exterior. E, embora a realidade aqui seja diferente da dos mercados consolidados, como o americano e o europeu – já que, nos mercados emergentes, a circulação dos jornais tem crescido -, os modelos de cobrança digital empreendidos por eles servem de referência.

A situação atual começa a avançar com opções de cobrança por conteúdos digitais considerados de alto valor jornalístico, gerando receitas com a mudança de hábito dos leitores. O diretor da locadora de filmes online NetMovies, Daniel Topel, foi ao seminário explicar porque o modelo de captação de assinantes via internet adotado por sua empresa foi tão bem-sucedido. Ele destacou que “o mundo digital pede das empresas a oferta de comodidade, liberdade e flexibilidade, bem como preço competitivos”. Na NetMovies, isso é oferecido via parcerias e ofertas para atrair visitas ao sites.

Na opinião da maioria dos representantes dos principais jornais do País, não há dúvida de que o momento positivo, diante da aumento de circulação dos jornais brasileiros, torna ainda mais relevante o desafio de elevar a rentabilidade dos conteúdos em todos os canais, mas especialmente os digitais, nos próximos cinco anos.