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Ligada à internet, tevê começa a ficar interativa




08 de agosto de 2010 | 0h 00

Aparelho ligado à banda larga concorre com a interatividade da TV aberta, que começa a ser trabalhada pelas emissoras
Marili Ribeiro e Renato Cruz – O Estado de S.Paulo

A disputa de audiência entre emissoras de TV e internet começa a acontecer numa tela só. Aparelhos com serviços interativos, que se conectam à banda larga, começam a ser mais comuns no varejo, com televisores de fabricantes como a Samsung e a LG. Ao mesmo tempo, as emissoras apostam no Ginga, software de interatividade da TV aberta, que, pelo menos por enquanto, está disponível somente em dois aparelhos da LG.

São dois modelos bem distintos de interatividade. No televisor conectado, a informação vem pela internet, de parceiros selecionados pelo fabricante. No aparelho com Ginga, os serviços interativos são transmitidos via ar pela emissora de TV, juntamente com a programação.

“O espectador ainda está se acostumando a usar a internet na TV”, afirma Marcio Portella Daniel, diretor da Samsung, empresa que lançou modelos interativos no ano passado. Esses aparelhos não têm um navegador de internet. Os espectadores escolhem os serviços por meio de ícones parecidos com os que existem nos celulares inteligentes.

Para Fernanda Summa, gerente da LG, a TV aberta interativa e a TV com banda larga são produtos que se complementam. “Uma coisa não vai matar a outra”, diz. “Os serviços interativos podem aumentar a audiência dos programas de TV.”

As emissoras de televisão querem usar a interatividade para evitar que o telespectador saia da frente do aparelho. Ou que a escapadinha fique reduzida à visita ao toalete.

Desde a chegada da transmissão digital, há dois anos, a promessa da chamada interatividade na tevê está no ar. E assim permaneceu. Agora, com a chegada às lojas dos televisores com o software de interatividade Ginga, as desculpas acabaram.

“A interatividade vai além de uma novidade para atrair atenção do público e poder agregar valor ao negócio da televisão”, reconhece Roberto Franco, diretor de tecnologia da Rede SBT. “Vamos oferecer mais informações, fazendo com que o público não tenha que levantar para conferi-las no computador”.

Reter audiência, perdida para universo de ofertas online, tem sido uma tarefa árdua os programadores de entretenimento nas televisão aberta.

Mercado. Como a indústria lucra mais vendendo TVs com conversores embutidos, não tem havido muito investimento para desenvolver e vender conversores com o Ginga. Sendo assim, o recurso da interatividade fica restrito a um público limitado. O cálculo é que não existam mais do que 100 mil aparelhos com a funcionalidade no mercado. E como diz Franco, só vai ganhar relevância quando atingir massa crítica, o que pode levar até três anos. No Brasil, 96% da população já tem televisor em casa. Terá que haver troca dos atuais equipamentos.

O diretor de engenharia da TV Globo, Raymundo Barros, não tem pressa em acelerar esse processo. Conta que acompanha as discussões de como isso será feito há três anos dentro do fórum da TV digital.

A preocupação, nunca assumida abertamente é evitar ônus ao atraente mercado anunciante da televisão aberta, que fica com quase 60% da verba publicitária investida em veículos de comunicação no Brasil. Criar facilitadores para a internet pode fazer com que anunciantes deixem os intervalos comerciais por outras formas de anúncios.

“Nossa maior preocupação é garantir a interatividade em rede, para as 33 emissoras digitais afiliadas”, explica Barros. “Trata-se de uma operação complexa e diferente de um site. Não basta pôr no ar. É uma ferramenta de comunicação que vai oferecer na tela da TV um aplicativo interativo. Se o aparelho não é interativo, não acontece nada. Mas nos modelos que são interativos, ao ser apertado no controle remoto vai surgir na tela o sinal que aciona a tecla interatividade.”

No caso da Rede Globo, a janela que permite ao telespectador obter informações adicionais sobre o que acontece na tela aparece na lateral. “Há todo um grafismo integrado, por exemplo, ao adotado na linguagem da atual novela Passione, que é que já oferece a interatividade. Ao acessá-lo, o telespectador terá detalhes do capítulo perdido, ou poderá responder a enquetes sobre o desenvolvimento da novela.” Na maior rede de televisão brasileira a opção foi pelo aplicativo individual para cada programa.

Estratégia. Já no SBT, a opção foi diferente, como explica Franco. “A partir de vários grupos de pesquisa com mais de 20 pessoas cada, fomos descobrindo quais as demandas que tiram os telespectadores da frente da telinha e desenvolvemos aplicativos para suprir essas necessidades”, diz ele. “A maioria levanta para ver no computador dados sobre meteorologia, resultados de jogos e as últimas notícias”. No SBT, a opção foi oferecer no primeiro clique a informação pura. Se o telespectador quiser mais detalhes, terá que dar um segundo clique e poderá obter mais informações sobre a novela em cartaz, como a sinopse.

Na hora em que é pressionada tecla de acesso à interação, aparece a primeira tela que oferecem as respostas mais comuns dos telespectadores da emissora. “De todos as emissoras que estão desenvolvendo o sinal para interatividade, só o SBT já o coloca à disposição por 24 horas”, conta ele. Isso é possível porque a emissora escolheu a metodologia mais simples. O próximo passo, que está em estudo, será o de integrar essa interação com às mídias sociais e, futuramente, promover comércio eletrônico.

Objetivos
ROBERTO FRANCO
DIRETOR DO SBT

“Vamos oferecer mais informações, fazendo com que o público não tenha que levantar para conferi-las no computador.”
“A partir de vários grupos de pesquisa com mais de 20 pessoas cada, fomos descobrindo quais as demandas que tiram os telespectadores da frente da telinha e desenvolvemos aplicativos para suprir essas necessidades.”
“A maioria levanta para ver no computador dados sobre meteorologia, resultados de jogos e as últimas notícias.”

 

Fonte: O Estado de S.Paulo – Economia & Negócios

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