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Na ponta dos dedos, em qualquer lugar

Cientistas de universidade norte-americana criam sistema que transforma as mais variadas superfícies em touchscreen. A partir de um projetor portátil, dispositivo parece elemento de ficção científica

Transformar qualquer superfície em sensível ao toque como a tela holográfica 3D usada por Tom Cruise no filme Minority Report parecia uma ideia que não sairia tão cedo das salas de cinema. Uma equipe de cientistas da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, porém, tornou isso possível. Um grupo de especialistas em software desenvolveu o sistema OmniTouch, que faz com que diversas superfícies se tornem touchscreen. O protótipo usa um picoprojetor (projetor portátil) para exibir a interface de dispositivos como notebooks e celulares em locais como paredes, mesas e o próprio corpo da pessoa. Para identificar o toque de um indivíduo, o sistema conta com uma câmera 3D de curto alcance. Esse projeto foi apresentado recentemente no 24º Congresso Anual de Software de Interface para Usuários em Santa Bárbara, na Califórnia.

Desenvolvido em parceria com a Microsoft Research, o sistema sabe diferenciar quando alguém toca a superfície ou quando a pessoa está apenas com a mão apoiada sobre a área disponível, garante Hrvoje Benko, um dos autores do estudo e integrante do Grupo de Pesquisas de Interação Natural da empresa de Bill Gates, ao Correio. “Nosso protótipo permite ao usuário fazer com que diversos locais se tornem interfaces interativas sensíveis a multitoques”, detalha. Ele conta que o dispositivo é carregado por eletricidade, ao ser conectado ao computador por um cabo USB.

Em comunicado à imprensa, outro autor da pesquisa, Chris Harrison, do Instituto de Interação Humano-Computador da Universidade Carnegie Mellon, ressalta que essa é uma alternativa para a interação móvel elaborada para “explorar as imensas áreas que o mundo real fornece”. “Se nós podemos nos apropriar desses lugares, temos como manter todos os benefícios da mobilidade, ao mesmo tempo que expandimos a capacidade interativa. Isso, porém, requer um sistema de detecção sofisticado, bem como aparelhos de qualidade”, comenta. Ele adverte que, para o sistema ser realmente móvel, precisa ou caber no bolso ou ser usado junto ao corpo, como a câmera e o sensor de seu projeto — que ficam acoplados a uma estrutura de metal colocada sobre os ombros das pessoas.

Sucesso

O grupo de pesquisadores fez testes com 12 pessoas, com idades entre 23 e 49 anos, para avaliar se o sistema fornecia interação em três tipos de superfícies: o corpo, objetos segurados nas mãos (como cadernos) e em bases fixas no ambiente. Em 96,5% das vezes que as pessoas clicaram ou fizeram movimentos com os dedos sobre o local determinado, o sistema detectou corretamente o toque. No estudo, os cientistas alertam que a câmera captura movimentos apenas a 20cm de distância dela, motivo pelo qual optaram por encaixar a estrutura de metal no corpo do usuário.

Como o projeto ainda está em fase de testes, seu uso está restrito à conexão com desktops e notebooks. “Mas é tecnicamente possível imaginar que tal combinação de câmera com projetor possa ser ligada a uma variedade de dispositivos que usamos hoje, como celulares e tablets”, assegura Benko. Ele diz que se surpreendeu ao ver o quão bem o sistema funciona. “No começo, não tínhamos certeza de que o OmniTouch sequer daria certo. Esperávamos apenas poder demonstrar a ideia, mas em nosso experimento final os usuários chegaram bem perto da precisão de usar uma tela sensível ao toque como as que existem atualmente”, comemora.

O especialista em meios eletrônicos interativos Marcelo Knörich Zuffo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), comenta que atualmente existem cada vez mais produtos tecnológicos sensíveis ao toque e que essa função é importante para aumentar a interatividade entre computadores e seres humanos. “O problema a ser resolvido é o rastreamento preciso da ponta dos dedos ou de outros objetos, como lápis ou canetas. Essa questão fica ainda mais difícil quando temos múltiplas pontas para detectar”, explica.

Para Zuffo, o sistema desenvolvido na Universidade Carnegie Mellon é interessante por usar microprojetores, que podem ser levados para qualquer lugar. “Mas sistemas desse tipo não funcionam a céu aberto, pois a potência de projetores pequenos é muito baixa”, alerta o professor.

Projeto brasileiro

No Brasil, também há um projeto de superfície sensível ao toque baseado em uma câmera que captura o movimento dos usuários. O software, desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chama-se Cartaz Interativo e foi criado por três amigos que se graduaram no curso de engenharia eletrônica e de computação. O sistema consiste em uma superfície determinada, que pode ser uma vitrine, um quadro — como um quadro-negro de escola —, uma mesa ou um piso interativo, e uma câmera com sensor de movimentos. “Mas não é a superfície que é especial, e sim a câmera. Ela envia ao software o local que a pessoa está tocando e, com essa informação, o usuário consegue executar comandos na tela”, descreve Simon Medeiros Soares, mestrando em engenharia com ênfase em realidade virtual pela UFRJ e um dos inventores do produto.

Foi Soares quem sugeriu a ideia do sistema, que começou a ser elaborado em 2008. “Tive contato com uma empresa de publicidade que me pediu para elaborar uma solução de interatividade parecida com a que acabamos desenvolvendo. Percebemos, então, que essa tecnologia poderia ser aplicada em diversas áreas além do mercado publicitário”, relata. Ele afirma que é viável usar seu projeto para funcionar como o protótipo do OmniTouch e extrair imagens de um celular ou tablet para projetar em uma parede, por exemplo, transformando-a em uma tela interativa.

O dispositivo brasileiro, que não é portátil como o norte-americano, foi apresentado em outubro na Exposição Cartaz em Cartaz de Fernando Pimenta, no Rio de Janeiro, e chamou a atenção do público. “Produzimos quatro telas sensíveis ao toque para o artista gráfico. A ideia era que cada pessoa pudesse criar seu próprio cartaz, se sentindo artista por um dia”, descreve Soares.

Investimento em pesquisas

A Microsoft Research é um segmento da empresa de tecnologia que colabora com pesquisas nas áreas de ciências da computação e engenharia de software em universidades ao redor do mundo. Segundo a companhia, o objetivo do departamento é promover as ciências da computação e aproveitar esses estudos para desenvolver novas tecnologias, bem como melhorar a experiência do usuário ao usar dispositivos eletrônicos da marca.

Fonte:Correio Braziliense – Tecnologia

DESTAQUE SERTESP - 23/05/2024

COMUNICADO A TODAS AS EMISSORAS DE RÁDIO, TELEVISÃO E PRODUTORAS

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