Direcione sua visão e dê um descanso para o mouse
Em alguns novos computadores, o mouse está sendo dispensado. Basta olhar para um local específico na tela, e o cursor vai para lá imediatamente, pronto para abrir uma pasta ou enviar um e-mail (e aí você precisa recorrer ao bom e velho teclado).
Esses laptops foram criados pela Tobii Technology, uma empresa sueca especializada em rastreamento do olhar, e pela Lenovo, fabricante chinesa de computadores. Vinte protótipos já foram montados, mas o produto ainda levará uns dois anos para ser comercializado, segundo Barbara Barclay, executiva da Tobii.
Não é necessário colocar óculos ou qualquer outro equipamento. O rastreador de olhos fica embutido na tampa do laptop, com sensores, luzes e capacidade de processamento.
Testei um deles e concluí que o contato visual oferece interface bem rápida. Consegui escolher um ponto num mapa só olhando para ele; uma tecla fazia o zoom, e, em seguida, eu “passeava” pelo mapa com o olhar, mirando a parte superior da tela para me deslocar ao norte, e a parte inferior para viajar para o sul.
Pastas também puderam ser escolhidas com um olhar – o cursor parecia chegar ao destino no instante em que eu o olhava.
O controle ocular se mostrou natural para games também: com um simples olhar aniquilador e um clique no teclado, eu bloqueei asteroides que ameaçavam a Terra.
Se a tecnologia pegar, os PCs não serão os únicos produtos com controle ocular embutido. No futuro, quando você olhar para vilões e princesas em videogame, eles serão capazes de lhe devolver o olhar. E as televisões também estão sendo envolvidas.
Roel Vertegaal, diretor do laboratório de mídia humana da Universidade Queen’s, em Kingston (Canadá), criou TVs com tecnologia de rastreamento do olhar que pausam quando você sai da sala, e reiniciam quando você volta.
Tecnologias informáticas com monitoramento do olhar não são novidade, segundo Andrew Duchowski, professor de ciência da computação na Universidade Clemson, na Carolina do Sul, e autor de um livro sobre o assunto. Sensores autônomos da Tobii e de outras empresas podem ser conectados a computadores, por exemplo, para ajudar tetraplégicos no uso de teclado na tela. A tarefa pode ser realizada inteiramente com a vista, mas é um processo lento, pois o olhar deve descansar ou se fixar por 2,5 a 5 décimos de segundo até que a tecla seja registrada.
A nova tecnologia de rastreamento reduz em até metade o tempo usado para várias tarefas, segundo Vertegaal. “Fizemos experiências”, disse ele – por exemplo, quando as pessoas estão trabalhando com várias telas, e qualquer uma delas pode ser ativada com o olhar. “Fica claro que você pode acelerar as interações ao dobro da velocidade.”
Os protótipos parecem laptops comuns grandes, mas com uma ligeira protuberância na parte de trás, para o rastreador de olhar. Quando você levanta a tampa e liga o computador, o rastreador começa a operar diretamente abaixo do monitor. Há luzes nele que iluminam a pupila, e sensores ópticos que captam o reflexo da luz batendo na córnea. Chips usam os dados dos sensores para calcular a direção do olhar e mover o cursor. Barclay disse que é possível focar na tela uma área do tamanho de uma pequena moeda.
O consumidor, evidentemente, pode ter receio de que um olhar casual resulte em uma ação não pretendida. Vertegaal citou a hipótese de “você olhar o botão ‘enviar’ no site do cartão de crédito e acabar acidentalmente comprando algo”.
Mas Barclay garantiu que isso não acontecerá nos computadores Tobii Lenovo. “Você aponta com os olhos, mas só seleciona quando confirma com um clique.”
Qual ‘gadget’ podemos descartar do dia a dia?
Por SAM GROBART
Uma queixa comum contra a tecnologia é que ela leva a um acúmulo de dispositivos. Mas isso está mudando, e menos produtos têm realizado mais tarefas. Não precisamos mais, portanto, acumular tantos “gadgets”. A questão é: de quais podemos abrir mão, e quais seria preferível manter? COMPUTADOR DE MESA – Livre-se. Você deve ter um, mas vai mesmo substituir seu desktop quando ficar ultrapassado? Supondo que você não seja editor de vídeo ou viciado em jogo, os laptops têm o poder computacional que um usuário médio precisa.
INTERNET RÁPIDA EM CASA – Mantenha. Com o advento de dispositivos como o MiFi, que converte um sinal 3G em uma nuvem wi-fi a ser partilhada por vários aparelhos, você pode estar pensando em largar seu provedor de internet e usar o celular para se conectar à internet. Isso funciona – desde que você tenha um sinal forte para a transmissão de dados; que você nunca pretenda assistir vídeos do Netflix, YouTube ou Hulu; e que você tenha um pacote ilimitado de dados. Provavelmente, faz mais sentido manter o seu provedor.
TV A CABO – Depende. Fanáticos por esporte provavelmente vão querer mantê-la, já que muitas competições restringem o conteúdo on-line, mas telespectadores eventuais, interessados principalmente em alguns programas e filmes, podem se virar com uma conexão à internet e serviços baratos de assinatura de filmes.
CÂMERA FOTOGRÁFICA – Livre-se. Sim, uma câmera que seja só câmera vai tirar fotos melhores do que um smartphone – mas não muito. E uma câmera tem limitações. É difícil compartilhar fotos até transferi-las para o computador, e não existem aplicativos para câmeras, como há para smartphones, que permitam aplicar filtros e tratamentos legais.
CÂMERA DE VÍDEO – Livre-se. Os smartphones capturam vídeo. É verdade que a qualidade não é de Imax, mas muita gente não liga. Entre as opções mais sofisticadas, novas câmeras digitais reflex monobjetivas podem gravar vídeo em Full HD, aproveitando todas as lentes intercambiáveis criadas para a fotografia estática.
PEN DRIVE – Livre-se. Compartilhar arquivos não exige mais equipamento físico. Em quase todos os casos imagináveis, é possível transferir arquivos digitalmente pela internet. Uma opção para isso é aderir a um serviço como o Dropbox, que cria na nuvem um disco rígido privado e partilhável.
TOCADOR DE MÚSICA DIGITAL – Livre-se. Você tem um smartphone? Então, você tem um tocador. Músicas são dados, e dispositivos multifuncionais podem processá-las junto com muitos outros tipos de informações (como vídeos, e-mails e aplicativos).
GPS – Livre-se. Os aparelhos de GPS mais baratos custam cerca de US$ 80. Mas o seu smartphone pode fazer a mesma coisa pela metade do preço ou gratuitamente. Os smartphones Android já vêm com um aplicativo “curva a curva” do Google. Em março, o Google anunciou a inclusão de dados históricos e em tempo real sobre o trânsito no planejamento das rotas. Se você tem iPhone, existem várias opções de aplicativos com GPS.
LIVROS – Mantenha (com uma exceção). Sim, os “e-readers” são incríveis, e, sim, eles provavelmente vão se tornar uma plataforma de leitura mais dominante ao longo do tempo. Mas veja só o livro: é durável; você pode deixá-lo molhar um pouco sem que se estrague; com frequência ele é tão barato que, se você perdê-lo, não vai ficar tão chateado; e você pode pegar livros emprestados gratuitamente em bibliotecas.
Mas há uma área onde o material impresso vai ceder espaço ao conteúdo digital: os livros de culinária. O Martha Stewart Makes Cookies (“Martha Stewart faz biscoitos”), um aplicativo de US$ 5 para o iPad, é a onda do futuro. Cada receita tem uma foto do prato (algo em geral caro demais para os livros impressos). Procedimentos complicados podem ser explicados em vídeo. Você pode mandar para si mesmo um e-mail com a lista de ingredientes. O aplicativo faz o que livros de receitas não conseguem fazer, oferecendo uma versão melhor de tudo o que existiu antes.
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