Osvaldo Lucho Junior nasceu em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, e formou-se em engenharia eletrônica na capital. Após anos montando e vendendo computadores, voltou para a cidade natal onde, em 1998, tornou-se uma espécie de “clínico geral de tecnologia”, atendendo empresas locais. Em 2006, começou a instalar uma rede na cidade e criou a Gigalink, provedora de acesso fixo à internet.
Lucho estima faturamento de R$ 6,8 milhões para 2011, com 15 mil clientes. Nesse total está somada a receita de uma empresa que acaba de comprar. Ele também presta serviço de acesso fixo via internet em banda larga, em Niterói. Agora, planeja chegar ao Norte do Estado, na região do petróleo: Macaé, Rio das Ostras, Campos.
A Gigalink é uma das 2.778 empresas, dos mais diferentes portes, que até julho contavam com uma licença para Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), concedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Trata-se de um universo com os mais diferentes perfis de provedores, inclusive os que têm redes Wi-Fi voltadas para hotéis, restaurantes, condomínios, entre outros clientes das grandes cidades.
Computados os provedores que não têm licença de SCM, o total de prestadores de serviço cresce muito, avalia o presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Neger, ao referir-se aos pequenos empresários focados, geralmente, numa área geográfica específica e pequena. Eles constroem a rede própria e buscam conexões com provedores maiores ou as concessionárias de telefonia.
Segundo Neger, os mais prósperos são aqueles que estão em regiões distantes, menos povoadas, onde não há cobertura de acesso em banda larga pelas concessionárias. Mas há pequenos provedores de Norte a Sul do país, na área rural ou em periferias, desde cidades pequenas até capitais.
“Estive em Sinop e Sorriso, no Mato Grosso, onde o agronegócio é bem desenvolvido. Na estrada, praticamente todas as casas têm uma antena de acesso à internet via rádio”, diz Neger. Há casos de empresas com menos de 2 mil assinantes.
O paulista Alair Fragoso é formado em física. Criou a Life, em 2006, em Pompeia (SP). Foi dono de posto de gasolina, também montou computadores e instalou o provedor de acesso à internet baseado em rede de fibras ópticas com um amigo que trabalhou em empresa de TV a cabo na região. Em 2010, faturou R$ 3,5 milhões e acredita chegar a R$ 6 milhões este ano. Tem 58 empregados.
A Life oferece acesso à internet também na vizinha Marília. Tem 1,4 mil assinantes e identifica potencial de atingir 10 mil. A rede é mista, com par de fios de cobre e fibra óptica. Com 1,7 contratos, pode chegar, em breve, a 4 mil, acredita Fragoso.
Essas empresas operam em regiões onde as concessionárias de telefonia não oferecem banda larga fixa ou se restringem aos centros das cidades. Há casos onde a internet é só por linha discada e o acesso móvel é precário, pois ainda não existe infraestrutura de 3G.
A questão agora é o futuro desses provedores de pequeno porte. A Oi anunciou, na sexta-feira, que começou a oferecer acesso em banda larga, com velocidade de 1 Mbps por R$ 35 mensais. Nos Estados onde for concedida isenção de ICMS, o preço cai para R$ 29,90. Inicialmente serão atendidos cem municípios, de acordo com o Termo de Compromisso de adesão ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
O serviço entrou em operação sábado e deverá atender mais 200 cidades até o fim do ano. Até 2014, deverá ser estendido aos 4,8 mil municípios da área de cobertura da concessionária.
A Telefônica / Vivo também lançou seu serviço com velocidade de 1 Mbps, para 229 cidades paulistas. O pacote, com linha fixa, custará a partir de R$ 57,30. Somente a banda larga fixa sai por R$ 29,80, sem limite para downloads.
“Mesmo onde as grandes operadoras atuam há espaço para um serviço mais personalizado e ágil para atender ao pequeno e, muitas vezes, médio empresário”, diz Carlos Bernardi, criador da CTINet. Voltada para o ABCD, na Grande São Paulo. Bernardi, que começou a se envolver com o setor em 1996, em Diadema, diz que atende a cerca de 800 empresas.
A CTINet interliga sua rede à infraestrutura da Embratel, Telefônica e Intelig. Muitos desses provedores reclamam dos preços cobrados na interconexão, mas reconhecem que estão menos altos devido à crescente competição. “Quando busco preços, consigo dez propostas de provedores diferentes”, diz Bernardi.
O que impulsiona o aumento da competição é que, além das concessionárias e autorizadas como a GVT e a Intelig, há perto de 50 operadoras para o mercado corporativo que também oferecem acesso. A partir de dados da Anatel, a consultoria Teleco identificou 961 provedores ativos com oferta de acesso. A soma desse grupo resultaria em uma “quarta” operadora na divisão do mercado de acesso fixo à banda larga depois da Oi, Net e Telefônica.
O curioso é que os 916 pequenos provedores respondem por 3,7% dos acessos oficializados. O peso da quarta colocação no ranking do acesso em banda larga está em 45 provedores de médio e grande porte. Esse grupo menor, mas de peso, atende o mercado corporativo e responde por 96,7% dos acessos.
O presidente da Telebrás, Caio Bonilha, disse ao Valor, durante o Futurecom, em setembro, na capital paulista, que já foi procurado por mais de 500 dos pequenos provedores só do Estado de São Paulo. Eles estão interessados em se conectar à rede do PNBL que a estatal está montado junto a fornecedores, a partir da infra-estrutura criada para telecomunicações por distribuidoras de energia elétrica.
Neger informa que a Abranet vai promover uma expedição nas cidades que serão atendidas pelo PNBL. Vai levar equipamentos de medição e identificar o que existe de serviço entre as sedes dos municípios. “Acho que muita gente vai se surpreender com a quantidade de provedores”, afirma.
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