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Os mídias devem se preparar para o inesperado.

Insights do Mídia Master Brasil alertam profissionais para a importância da versatilidade em tempos turbulentos.

Na esteira de diversos outros segmentos que enfrentam a onda de mudanças provocadas por um mundo cada vez mais rápido, volátil e tecnológico, a área de mídia também tem se transformado. Como consequência, o profissional que atua nesse mercado tem pela frente um paradoxo: se seu protagonismo aumentou nas organizações é também verdade que cresceu a exigência por habilidades cada vez mais mais amplas, versáteis e, principalmente, uma visão holística do negócio. Não à toa, aproximadamente 150 mídias de agências, anunciantes e veículos estão reunidos no hotel Royal Palm Plaza, em Campinas (SP), para a 13ª edição do Mídia Master Brasil.

Pela primeira vez com a curadoria de conteúdo nas mãos da Fundação Dom Cabral, o curso de imersão para o mercado contou com palestras, mas principalmente dinâmicas em grupo, que se utilizaram da exposição dialogada e sem monopólio de ideias, frameworks e world café como modelo para construção coletiva. O exercício ajudou simular a busca de cada equipe pela identificação, organização, planejamento e resolução dos problemas e desafios específicos do setor.

A temática utilizada neste ano para organizar a distribuição de conteúdos e todas as dinâmicas foi o conceito “Mind the Gap”, frase famosa no metrô de Londres, que alerta o passageiro sobre o perigoso vão entre o vagão e a plataforma. “E qual é a analogia? O trem são as organizações de mídia e a plataforma é o ambiente de negócios. O vão são as ameaças do ambiente competitivo, cada vez mais dinâmico e imprevisível. E para lidar com ele é necessário ter competência tanto no nível individual como no nível organizacional. E a gente chama isso de maturidade em gestão, para lidar com esses desafios”, ressaltou o professor da Fundação Dom Cabral, Heitor Coutinho.

Profissionais desenvolvem as dinâmicas de grupo no Mídia Master Brasil (Crédito: Gustavo Scatena)

Aprofundando um pouco mais o tema, Coutinho explicou o anagrama com a palavra gap. O “g” é de gente, da capacidade de liderança para determinar o futuro e fazer a diferença nas organizações. O “a” signigifica ambidestria, para lidar simultaneamente com os desafios e oportunidades de curto e longo prazo. E, por fim, o “p”, que representa o propósito.

No evento, o professor também explicou por que empresas que esquecem de cuidar da gestão acabam ficando para trás. “Algumas perdem uma grande mudança estratégica e mercado ou não se atentam a uma interrupção do setor; outras enxergam a grande mudança que está por vir, mas não desenvolvem a estratégia certa em resposta a esse movimento; também há aquelas que definem a estratégia vencedora, mas não são capazes de implementar”, explica.

Questionado pelo público se o planejamento estratégico vai acabar, o professor faz um alerta. “Em um mundo cada vez mais dinâmico e turbulento, ele passa a ser menos relevante. Mas ainda há alguns setores extremamente previsíveis. Para mercados mais efervescentes, o planejamento estratégico clássico, como nós conhecemos, não vai durar muitos anos. A resposta depende de quais mudanças enfrentaremos pela frente”, avisa.

Como termômetro para essa mudança, o professor de economia da Fundação Dom Cabral e ex-diretor do Banco Mundial, Carlos Braga, deu aos profissionais de mídia do evento um panorama de tendências possíveis para o cenário econômico global e seus impactos sobre o Brasil. O economista abordou desde o início do governo Bolsonaro, o futuro do país em meio a disrupções políticas e tecnológicas, oportunidades no curto e longo prazo e os grandes desafios internos e externos.

Em linhas gerais, Braga afirmou que a confiança no Brasil melhorou, mas que a decisão de investimentos ainda está dependendo da espera sobre como a política e o setor econômico vão variar nos próximos meses. Em seu diagnóstico, a economia brasileira vive uma obesidade do setor público (desequilíbrio fiscal), anemia do setor privado (baixa produtividade), além da fragmentação política.

Na visão do economista, vivemos na era da ansiedade e das incertezas e a tecnologia vai continuar mudando o jogo de forma muito rápida. Neste campo, há um mar de possibilidades, mas também uma concentração de oportunidades para quem detêm os dados. Isso, no entanto, não significa que contexto não seja importante. “A criatividade brasileira pode ser essencial neste processo”.

Avaliando especificamente a área de mídia, Braga crê que a disrupção é uma realidade imutável e os profissionais de mídia precisam estar preparados para o inespesperado. “Será que vai surgir um modelo Uber nessa indústria? Como isso vai afetar a vida de todos vocês? Sem dúvida, colocar a cabeça na areia e dizer que os novos modelos não vão afetar ou não estão afetando a área de mídia seria um equívoco”, finaliza.

Realizado pelo Meio & Mensagem e a Fundação Dom Cabral, em 26 e 27 de março, o evento teve o objetivo de promover uma imersão nos mais modernos conceitos de gestão e, consequentemente, aumentar e qualificar o repertório dos participantes. “Ao contrário do que se imagina, isso não é um master de mídia. O programa tem uma missão diferente. A ideia é enriquecer os participantes com conteúdos, atividades e reflexões sobre gestão e estratégia de negócios”, afirma Marcelo Salles Gomes, vice-presidente do Grupo Meio & Mensagem. Para ele, além de preparar os profissionais presentes para novos passos em suas carreiras, o Mídia Master Brasil também ajuda a promover o relacionamento e possíveis negócios entre os participantes.

 

 

Fonte:  Meio & Mensagem – Mídia  –  AESP

 

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