SERTESP - Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo

Sindicato das Empresas de Rádio e
Televisão no Estado de São Paulo

Notícias SERTESP

Países criam órgão de notícias


Ulan.Objetivo da entidade latino-americana seria divulgar informações do ponto de vista dos governos

Existe o receio de a iniciativa ter como meta fazer propaganda política

Liberdade. O jurista Hélio Bicudo lê o manifesto em frente à Faculdade de Direito, em São Paulo

As agências estatais de notícias de nove países da América Latina estão planejando a criação da União Latino-Americana de Agências de Notícias (Ulan). A carta de intenções foi elaborada durante uma reunião, na semana passada, na Argentina. Entre as participantes, está a Empresa Brasil de Comunicação-Agência Brasil (EBC/ABr). A Ulan tem por meta fornecer informações a partir da visão governamental das nações associadas.

Os representantes dos nove países definiram que a Ulan deverá “ser capaz de impulsionar globalmente os pontos de vista, orientada a tornar visível o esforço e as conquistas de todos os povos do continente”. O objetivo inicial das agências é que a Ulan integre conteúdos jornalísticos, coordenação de coberturas, além do intercâmbio de profissionais.

A entidade seria formada pelas agências estatais de notícias de Argentina, Brasil, Bolívia, Cuba, Equador, Guatemala, México, Paraguai e Venezuela. A maior parte desses países possui governos com afinidades ideológicas com a administração do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que, há vários, anos prega a criação de uma empresa sul-americana de notícias para rivalizar com as redes mundiais.

O projeto também está em sintonia com o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, que mantém um conflito com o grupo de mídia Clarín e o jornal “La Nación”, e que está montando uma série de canais públicos adicionais para contrapor as informações veiculadas pela mídia privada.

Propaganda. O perfil de confronto desses governos com a mídia gerou suspeitas entre partidos da oposição dos países da região de que a ideia da união de agências poderia ter como fim a “propaganda política”.

Raúl Cazal, vice-presidente da Agência Venezuelana de Notícias, disse que, em dezembro, na Guatemala, será realizada uma nova reunião para discutir detalhes da Ulan. Ele negou os rumores de que a criação da Ulan pretenda ser um “contrapeso” em relação à Sociedad Interamericana de Prensa (SIP). “Não vejo motivo para que a SIP se sinta ameaçada pela criação da Ulan. O importante é a pluralidade. Seremos mais um ponto mais de referência”.

Na mesma sintonia, Carlos Troya, diretor da agência de Informação Pública Paraguai, em Assunção, afirmou que “a ideia é compartilhar conteúdos e experiências”. “Não existe outro tipo de intenção, de forma alguma, até porque não acredito que o governo mexicano esteja alinhado com o presidente Hugo Chávez”, disse.

“Há uma intenção dessa união de agências de ter suficiente potência como organização latino-americana para construir um relato daquilo que nos acontece”, disse Sérgio Fernández Novoa, da Agência de Noticias de la República Argentina.

O diretor executivo da SIP, Julio Muñoz, por sua vez, atribuiu a proposta de criação da Ulan a uma tentativa de fazer com que toda a região tenha um viés de proteção dos governos. “Uma agência estatal de notícias é a voz oficial de um governo. Portanto, a informação que difunde deve, necessariamente, ser de defesa e proteção de seu patrão”, disse.

Opinião

Crítica. O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) disse, pela internet, que a Ulan “pretende organizar e controlar a mídia dos países comprometidos com o socialismo do século XXI de Hugo Chávez”.

DESTAQUE SERTESP - 23/05/2024

COMUNICADO A TODAS AS EMISSORAS DE RÁDIO, TELEVISÃO E PRODUTORAS

Pular para o conteúdo