Em seu terceiro episódio, o podcast Rádio ON, uma produção liderada pelo tudoradio.com, debate os impactos da digitalização do rádio em regiões europeias e como os resultados observados lá podem beneficiar o mercado brasileiro. Na pauta, destaca-se a mais recente pesquisa da Radio Joint Audience Research (RAJAR), que revela que 88% da população do Reino Unido escuta rádio semanalmente. Os dados gerais até indicam uma estabilidade no consumo dessa mídia por lá, mas os debatedores do Rádio ON apontam para uma série de transformações em curso, visando manter essa estabilidade na Europa.
As mudanças são variadas, abrangendo desde o investimento na distribuição de conteúdo ao vivo e sob demanda via áudio digital — incluindo streaming e podcasts — até o incentivo à adoção da transmissão de rádio digital (DAB+), que ocorre por meio de ondas terrestres. Atualmente, 76% de toda a população adulta (a partir de 15 anos) do Reino Unido consome rádio por meio de plataformas digitais (DAB+ e/ou streaming de rádio).
Daniel Starck e Cristiano Stuani, debatedores do Rádio ON, ressaltam que o Reino Unido apresenta algumas semelhanças com o rádio brasileiro: a maior parte do consumo ocorre nas residências, o formato de programação das rádios musicais é similar (organização de vinhetas, programas de conversa, entre outros elementos) e até a ‘embalagem’ em plataformas online é parecida, com conteúdos em áudio recebendo versões em vídeo. Nos estúdios de rádio, as características principais são mantidas, mas há uma total adaptação para a entrega audiovisual (layout, elementos, etc).
“Ao analisar os números da RAJAR sobre o rádio britânico, percebe-se que houve um longo período de preparação do setor para o cenário digital, seja por meio da transmissão terrestre, seja pela entrega de conteúdo via streaming. Esse processo ocorreu de maneira natural na parte criativa, mas foi acompanhado por um intenso movimento e investimento do setor na transição para o digital. No final das contas, o alcance se mantém estável em um patamar elevado porque o rádio está acertando na sua adaptação ao digital”, afirma Daniel.
No entanto, no caso do Brasil, ainda há mais perguntas do que respostas. Muitas dessas questões estão relacionadas aos gargalos existentes na infraestrutura brasileira, tanto no que se refere à presença do rádio via ondas para os usuários quanto à oferta de cobertura de internet móvel, essencial para o consumo de áudio digital em movimento.
“É inspirador ver o rádio prosperando em países como o Reino Unido. No entanto, não posso deixar de refletir sobre os desafios que o rádio brasileiro enfrenta. Muitos desses obstáculos poderiam ser amenizados com melhores estruturas, tanto na internet quanto nos sistemas tradicionais de transmissão. Acredito que, com o apoio adequado, o rádio no Brasil poderia alcançar patamares ainda mais elevados.”, destaca Stuani.
A cada duas semanas, um novo episódio do Rádio ON será lançado no Spotify sempre às quintas-feiras, às 19h00 (horário de Brasília). E no YouTube às 09h00, às sextas-feiras, no canal do tudoradio.com. Ouça o primeiro episódio no player disponível abaixo:
O rádio no Reino Unido: a pesquisa por lá
O rádio no Reino Unido demonstra sua resiliência e capacidade de adaptação às novas tecnologias, mantendo-se como um meio de comunicação essencial, com 88% da população adulta, ou 49,5 milhões de pessoas, sintonizando semanalmente. Impulsionado pelo avanço do DAB+ (Digital Audio Broadcasting) e do streaming, que juntos representam 76% do consumo, o rádio tem visto um aumento no tempo médio de escuta, alcançando 20,5 horas semanais por pessoa.
A maior parte da audiência provém das residências (61%), seguida por veículos e outros meios de transporte (25%), e o restante ocorre no trabalho e em outros locais. As smart speakers também ganham destaque, sendo utilizadas por 63% dos proprietários para ouvir rádio ao vivo.
No cenário competitivo das estações, as rádios comerciais superaram as públicas em audiência, com uma quota de 54,1%, e a BBC Radio 2 se mantém como a estação mais ouvida em todo o país. Esses dados, referentes ao 3º trimestre de 2023 e considerando pessoas com 15 anos ou mais, residentes no Reino Unido, refletem a vitalidade do rádio e sua capacidade de se reinventar na era digital.
Autor: Carlos Massaro
fonte: TUDORÁDIO
