O segundo evento que marcou os 30 anos do “Tec” debateu, em São Paulo, o futuro das redes sociais e sua importância nos dias de hoje
DE SÃO PAULO
As redes sociais pressionam governos e empresas a agir com mais transparência e são fundamentais para o futuro da educação, afirmaram os participantes que debateram o tema em evento realizado na última terça-feira, no MIS, em São Paulo. Foi o segundo evento para marcar os 30 anos do “Tec”, caderno de tecnologia da Folha.
“Pequenos e grandes poderes estão sendo cada vez mais expostos a um escrutínio público. Hoje é praticamente impossível guardar um segredo”, afirmou Ronaldo Lemos, colunista da Folha e diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da FGV-RJ e do Creative Commons Brasil.
Lemos disse ser otimista quanto à transparência proporcionada pelas redes sociais, mas citou, como contraponto, as batalhas judiciais pela remoção de conteúdo na internet durante as eleições brasileiras.
O apresentador Marcelo Tas, por sua vez, destacou que elas não devem ser demonizadas pelos educadores.
“É importante não personificar as ferramentas: dizer que a televisão é violenta, ou que a internet está cheia de fraudes, por exemplo. Nós acabamos dando poderes para coisas que são apenas isso: ferramentas”, afirmou.
Segundo Lemos, um dos desafios dos professores é integrar as redes sociais à educação, em vez de bani-las ou tentar criar simulacros que podem ser vistos com desconfiança pelos estudantes.
“O futuro da educação passa pelas redes sociais. Aliás, eu não consigo pensar no futuro da educação sem pensar em redes sociais”, disse Lemos, que usa grupos privados do Facebook para se comunicar com seus alunos.
Para Guilherme Ribenboim, diretor-geral do Twitter no Brasil, as redes sociais fizeram com que a criação de conhecimento se tornasse mais colaborativa. “Imaginem se Albert Einstein vivesse hoje. Imaginem as oportunidades de troca com pessoas que poderiam colaborar com suas pesquisas.”
Para Leonardo Tristão, diretor da operação brasileira do Facebook, as redes sociais fizeram com que a internet se reorganizasse. “Hoje, são as pessoas que estão no centro.”
Tas concordou. “A internet não é uma rede mundial de computadores, e sim uma rede de pessoas.”
E, se antes havia escassez de acesso ao conhecimento, hoje a dificuldade é filtrar o conteúdo diante de uma oferta praticamente infinita, segundo os participantes.
“O desafio é fazer a curadoria da informação que pode ser relevante para nós”, disse Tristão.
Segundo Lemos, as redes sociais transformaram a sociedade de consumo de informação em uma sociedade de produção. “Hoje há muito mais gente falando do que gente disposta a ouvir.”
Fonte:Folha de São Paulo