Empresários discutem potencial das transmissões de televisão para celulares no país

Paulo Marcio Vaz

Num momento em que a tecnologia 3G apenas começa sua carreira na telefonia celular do Brasil, empresários do setor participaram ontem, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, de um ciclo de palestras sobre a questão da chamada Mobile TV, ou seja, a TV móvel com sinais transmitidos somente para os usuários de aparelhos de celular.

Diferentemente da TV digital, que pode ser captada por celulares, mas é destinada essencialmente para televisores residenciais, a TV móvel destina-se prioritariamente aos celulares e começa, aos poucos, a virar realidade no Brasil com a chegada da tecnologia 3G. Porém, as regras definitivas da TV móvel brasileira por assinatura ainda estão sendo discutidas e as transmissões ainda são limitadas.

Enquanto isso, empresários discutem e demonstram as possibilidades que o serviço pode gerar no futuro, tanto aos usuários, quanto às próprias operadoras. O gerente de marketing Carlos Romero, da Gemalto, uma das maiores empresas do mercado mundial de segurança digital, demonstrou alguns modelos que funcionam no exterior e discutiu quais os caminhos que poderiam ser seguidos por aqui.

Uma das particularidades mais evidentes da televisão via celular é o tamanho da tela, o que exige, segundo Romero, a exibição de programas de curta duração. Pesquisas realizadas na Ásia, onde a TV móvel já é comum, demonstram que o tempo médio em que o telespectador assiste a programação sem intervalo não passa de 20 minutos.

– Seria muito difícil, para qualquer pessoa, assistir a um filme de cerca de duas horas na tela de um celular, por exemplo – admite Romero.

Outra questão abordada durante as palestras foi a interatividade, o que pode gerar atrativos tanto para o usuário quanto para o operador do sistema. No futuro, poderia haver compras online de produtos exibidos em filmes, jogos de futebol ou quaisquer outros programas em exibição, mudando a forma de como anunciantes poderiam se aproveitar da programação.

– Você pode assistir a um jogo de futebol e decidir comprar a camisa oficial de um dos times pelo próprio celular, em tempo real. Em tese, isso é possível, só depende de desenvolvermos a tecnologia, o que está próximo de acontecer.

Também presente no encontro, Elio Sanchez, gerente de vendas da Irdeto, que atua no ramo de TV móvel, falou sobre pesquisas realizadas sobre TV móvel, principalmente a respeito dos hábitos de usuários. Segundo Sanches, os horários de pico da TV móvel em geral são o início da manhã e o início da noite.

– São justamente os horários em que os trabalhadores estão em trânsito, indo ou voltando do trabalho. Também podemos perceber que o horário do almoço é um campeão de audiência – diz Sanchez.

Baseado nas pesquisas, Sanches acredita que a TV móvel não costuma atuar como concorrente da TV digital, já que as duas são assistidas em horários e situações diferentes.