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Uma nova era com a imagem 3D


Para a indústria, tecnologia de imagens tridimensionais na TV e no cinema alcançou o ponto de decolagem no processo de massificação
12 de abril de 2010 | 0h 00
Ethevaldo Siqueira – O Estado de S.Paulo

O mundo começa a viver a era das imagens tridimensionais, a começar da TV e do cinema. Depois de quase 50 anos de tentativas e desistências, de altos e baixos, a indústria de eletrônica de entretenimento consegue resultados aceitáveis, graças à tecnologia digital. Se você tem dúvida, leitor, de que o cinema e a TV-3D chegaram para ficar, assista – caso não o tenha feito – a dois filmes em 3D, como Avatar e Alice no País das Maravilhas.

Nada mais convincente do que a experiência pessoal para se ter uma ideia do impacto do cinema digital 3D e de seu futuro. O mesmo se passa com a TV 3D. Essa experiência pessoal é determinante para que as pessoas se apaixonem pelo novo realismo das imagens, que parecem saltar para fora da tela. A paixão é ainda maior com as transmissões ao vivo de esportes ou cenas de grande movimento, como se pode perceber nas demonstrações feitas aqui no NAB Show.

Por isso, as grandes redes de TV do mundo apostam nas transmissões ao vivo de grandes eventos esportivos mundiais, como a Copa da África do Sul e até um campeonato de golfe só para milionários a ser realizado aqui em Las Vegas ainda neste ano.

Sem volta. “O que temos até agora não passa de uma ponta de iceberg diante do futuro que nos espera na TV e no cinema tridimensionais. Afinal, o mundo que vemos ao redor é tridimensional. Por que nos contentarmos apenas com duas dimensões?”, indagou Barbara Lange, diretora da empresa SMPTE. Ela conduziu ontem uma mesa-redonda, em conjunto com Ken Fuller, diretor de engenharia da empresa Azcar, e Paul Hearty, diretor do Centro Rogers de Comunicações, da Universidade Ryerson, dos Estados Unidos.

“Não tenham dúvida: daqui para o futuro, praticamente todas as imagens que veremos na TV, no home theater, nos computadores, na internet, nos iPods e iPads passarão a ser imagens 3D”, disse Barbara.

Isso não quer dizer que a tecnologia de imagens tridimensionais na TV e no cinema já tenha alcançado seu ponto máximo de evolução. Mas, como aconteceu com outros avanços em eletrônica de entretenimento, já alcançou o ponto de decolagem no processo de massificação, segundo avalia a indústria.

Percepção. A questão básica em que centenas de profissionais buscam consenso num evento como o NAB Show 2010 vai além de saber “se a TV-3D vai pegar ou não”, mas, sim, compreender como o sistema visual humano percebe a profundidade dos cenários e os fundamentos da imagem estereoscópica.

Quase tudo é novo para os profissionais de TV e do cinema, quando se trata de captura de imagens em 3D, bem como superar os desafios e armadilhas da câmera estereoscópica e utilizar a imensa variedade de novas ferramentas desse mundo estereoscópico que os profissionais precisam aprender a dominar.

Num debate que assusta os leigos, os especialistas discutem os parâmetros da imagem 3D, tais como os exigidos para se estabelecer a distância interaxial (entre o centro de cada pupila) e a convergência precisa das imagens, bem como os problemas do cansaço e da dor nos olhos que ainda acometem os espectadores quando as imagens são impropriamente trabalhadas na produção de programas em 3D.

Muitos usuários reclamam do uso obrigatório de óculos. Esse ainda é um problema a ser resolvido. Embora já existam soluções de cinema e TV 3D sem necessidade de óculos para os telespectadores, seus resultados ainda não satisfazem à maioria das pessoas. É claro que, num horizonte de 5 a 10 anos, os óculos deverão ser abandonados, com a evolução da tecnologia 3D.

Renascimento das salas? Até há poucos anos, o número de salas de cinema no mundo vinha caindo fortemente. Mesmo no Brasil, o fenômeno se dava de forma assustadora: várias cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes ficaram sem nenhum cinema nos últimos 10 anos.

Tudo indica que o cinema digital virá reverter esse processo. Um bom exemplo nessa linha é o que ocorreu no ano passado, a começar com o crescimento de mais de 200% do número de salas de cinema para exibição de filmes nos últimos 12 meses, passando de cerca de 10 mil para mais de 30 mil em todo o mundo.

O mesmo ocorreu com a venda de equipamentos para cinema digital, cujo aumento de vendas foi, em sua maioria, alavancado pela disponibilidade de filmes estereoscópicos.

Em sua maioria, os espectadores reagem positivamente à chegada do cinema digital 3D. Mesmo assim, os especialistas estão interessados em conduzir um número cada dia maior de pesquisas, em especial para conhecer as preferências em relação ao conteúdo do usuário doméstico, bem como eventuais problemas.

O sucesso do cinema 3D está diretamente ligado às possibilidades da TV 3D no mercado doméstico. O home theater e a sala de cinema são irmãos, apenas com diferenças de proporções, argumentam alguns especialistas. À medida que cresce a oferta de conteúdo de filmes estereoscópicos, maior é a possibilidade de expansão e evolução do mercado para o home theater 3D.

Refilmagens. Além da produção de mais de uma centena de filmes em 3D, Hollywood estuda a adaptação estereoscópica de boa qualidade nos melhores filmes do passado. James Cameron estuda refilmar um de seus grandes sucessos, Titanic.

Outro mercado de grande potencial para a indústria é o de jogos eletrônicos ou videogames em 3D. Como estratégia agressiva de comercialização da TV-3D junto ao público infantil e adolescente, dois grandes fabricantes já oferecem um pacote de mais de 50 games 3D juntamente com a venda de televisores planos de LCD e LED, com dimensões superiores a 50 polegadas.

PARA LEMBRAR

NAB Show começa hoje em Las Vegas
A edição 2010 do maior evento de multimídia do mundo começa hoje. NAB é a sigla de National Association of Broadcasters, ou Associação Americana de Radiodifusão.
A expectativa da indústria é a de que este será o ano da TV 3D. Segundo analistas, ao menos 100 modelos com a tecnologia deverão ser lançados pelos fabricantes na feira. É um salto em relação ao evento de 2009, quando a indústria se debruçava sobre o cinema tridimensional para buscar lições para a TV 3D.

 

Fonte: O Estado de S.Paulo – Economia & Negócios

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