Em breve ficará mais simples para o consumidor brasileiro entender exatamente o que os televisores e conversores DTV disponíveis no mercado serão capazes de fazer com relação à interatividade, uma das principais características do sistema de TV Digital aberta implantado no País.
A validação dos dois perfis interativos pelo Fórum SBTVD, durante reunião do Conselho Consultivo realizada esta semana, foi o sinal verde para que o Módulo Técnico finalizasse a reorganização das normas já existentes para o Ginga, o middleware criado no Brasil, tornando-as mais claras para a própria indústria.
“Praticamente 90% das normas já foram aprovadas pela ABNT. Os dois perfis refletem esses documentos e a concepção de arquitetura do Ginga, retirando deles o que era opcional, deixando claro o que é obrigatório”, explica a coordenadora do Módulo Técnico, Ana Eliza Faria e Silva.
Trocando em miúdos, significa que os dois perfis são baseados no que o mercado convencionou chamar até aqui de ‘Ginga full’ ou completo, com os módulos Ginga-NCL e Ginga-J. A diferença é que o Perfil 2, mais avançado, será capaz de executar monomídias seguras de videoclipes. Ou seja, permitir a execução de vídeos.
Na prática
Pense na transmissão de um jogo de futebol. Nos dois perfis será possível interagir com a programação consultando tabelas de classificação, escalações, e outras informações em texto ou fotos. Mas só no Perfil 2, mais avançado, será possível assistir a qualquer momento ao replay do gol, sem que esse vídeo se sobreponha totalmente ao vídeo principal.
A previsão de Ana Eliza é a de que as especificações dos dois perfis sigam para formalização na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) antes do fim do mês, mas não antes do Carnaval.
“As especificações estão passando por uma última revisão dentro do Fórum antes do envio”, explica a coordenadora.
Certificação de produtos
Segundo Ana Eliza, do ponto de vista do Fórum SBTVD a aprovação dessas especificações pela ABNT é recomendável para a finalização de outro trabalho já em curso: a definição da suíte de testes de conformidade dos conversores ao padrão definido para a interatividade.
“Estamos trabalhando em paralelo para acelerar a definição de como essa suíte”, afirma Ana Eliza. “Agora, como ela será usada, não sei. Pode ser que alguma empresa se interesse em transformá-la em um produto. Pode ser que o Fórum contrate uma empresa para fazer esse produto. pode ser que cada fabricante tenha a sua. Ou que vários fabricantes se unam para ter um teste padrão”, diz ela, lembrando dos vários cenários possíveis.
A certificação dos produtos é encarada pelos técnicos do Fórum como uma das formas de assegurar a produção de conversores e televisores DTV poderosos, do ponto de vista da interatividade, e baratos. O que nos remete a outra questão.
IPV6 no canal de retorno
Discute-se hoje no Módulo Técnico o quanto a adoção do protocolo IPV6, em vez do IPV4, pode impactar no preço final do hardware e gerar legado.
“Todas as normas do SBTVD refletem hoje essa preocupação em evitar legados. Então, começamos a analisar a adoção do IPV6. Mas isso não tem nenhum impacto agora”, avalia Ana Eliza.
O importante, na visão dela, é que todos os segmentos representados no Fórum SBTVD, não só a indústria de software, estão convencidos da viabilidade técnica do Ginga.
“As regras para a fabricação de receptores estão maduras, viáveis tecnologicamente”, afirma a coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD.
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