A aposta do ministro das Comunicações, André Figueiredo, é na expansão do Programa Cidades Digitais; João Rezende, da Anatel, vê em 2016 um momento adequado para promover mudanças no marco regulatório; Luiz Alexandre Garcia, presidente do Sinditelebrasil, quer condições para a massificação da banda larga com a retomada do crescimento e promete a colaboração do setor; executivos das concessionárias querem revisão das regras da concessão para aplicarem recursos em novos investimentos; outros apontam para um cenário com novos modelos de negócios na telefonia celular; e a indústria prega a retomada do crescimento.
A seguir, os depoimentos:
“Em 2016, vamos expandir nossas políticas de inclusão digital, com destaque para o Cidades Digitais, que receberá recursos via emendas parlamentares”.
André Figueiredo, ministro das Comunicações
“Em 2016, vamos continuar a modernizar a legislação e promover as mudanças necessárias no marco regulatório. Será um ano em que vamos assistir à consolidação dos provedores que participaram do leilão das sobras de frequência realizada em 17 de dezembro de 2015 e também trabalhar para tornar ainda mais eficiente o modelo de competição, definido no Plano Geral de Metas de Competição”.
João Rezende, presidente da Anatel
“Para 2016, acreditamos que o SindiTelebrasil terá grandes desafios como o fortalecimento do diálogo entre as empresas do setor de telecomunicações, maior convergência entre operadoras e indústria e o relacionamento com o governo. Reconhecemos a relevância do papel das telecomunicações, principalmente na massificação da banda larga, para incentivar o desenvolvimento do Brasil, a inclusão social e a democratização do conhecimento. O próximo ano será bastante ativo em relação ao processo de regulamentação. Para tanto, é necessário manter a instituição como principal elo entre o setor e o governo federal, participando efetivamente das discussões sobre políticas públicas, como a ampliação da banda larga para todos, revisão da Lei Geral de Telecomunicações, entre outros. Teremos um ano com bastante desafios e oportunidades. E, nosso setor não poupará esforços para dar a sua contribuição máxima”.
Luiz Alexandre Garcia, presidente do SindiTelebrasil
“Sou otimista. Estou no Brasil há 15 anos e tive muitas oportunidades desde que cheguei aqui. É claro, há anos melhores e piores, mas, na média, o Brasil é um país de oportunidades. Sob o ponto de vista dos empresários, é importante manter a confiança no país e os investimentos previstos, pois o Brasil continua a representar uma das maiores e mais atrativas oportunidades de negócio no mundo. Acredito que o ciclo pelo qual o país passa é temporário”.
Amos Genish, presidente da Telefônica Vivo
“É uma fase de transformação de hábitos, de métrica, de estratégia, de como a gente acompanha o setor. É um momento muito interessante para a TIM. A nossa visão ao longo do tempo é de deixar mirar o market share e ir para a visão de revenue share. O nosso foco absoluto é crescer receita por usuário, é crescer valor médio de base e de uso. Já começou a haver uma redução no número de usuários móveis totais, não de usuários únicos, que vai continuar crescendo. O movimento é de consolidação de uso, de concentração de despesas em uma só operadora, e por isso fomos as primeiras a mudar no modelo de tarifação”.
Rodrigo Abreu, presidente da TIM
“Acredito que em 2016 teremos uma grande oportunidade para o Brasil evoluir em relação ao marco regulatório do setor, um avanço que vai destravar as empresas de telecom para direcionar seus investimentos para atender às demandas da sociedade, iniciando um ciclo virtuoso que será benéfico para todos: consumidores, operadoras, fornecedores e Governo. O ano de 2016 será para a Oi também o ano que marca a consolidação da retomada comercial da companhia, após o movimento de transformação operacional realizado em 2015, que preparou os alicerces para sermos mais agressivos comercialmente no ano que vem. Seremos mais ativos na área comercial e destinaremos mais recursos para a publicidade, para promover nossas ofertas. Reforçaremos muito a digitalização no relacionamento com o cliente também. Além disso, vamos focar no crescimento da rede de acesso para ampliar cobertura móvel, já que o trabalho no core da rede já foi feito”.
Bayard Gontijo, presidente da Oi
“Será um ano bem desafiados para todos e também para a indústria de telecomunicações, e já estamos experimentando uma redução no consumo de usuário pré-pago. Mas não vamos ficar simplesmente preocupados. Estamos trabalhando, e já muito ativos com promoções e campanhas, com muitos bons produtos para entregar aos clientes. E vamos também ampliar as cidades com 4G para além das metas do leilão, dependendo da disponibilidade de frequência. Vamos ter que fazer muito, para não deixar o mercado cair”.
Carlos Zenteno, presidente de mercado pessoal da América Móvil
“A intenção para 2016 é manter os esforços na continuidade dos investimentos para assim garantir a prestação de bons serviços para nossos clientes. Prosseguiremos com nossa estratégia que tem sido muito assertiva para os bons resultados da companhia: expandir no segmento corporativo para novas regiões e melhorar a oferta de nossos serviços na área onde já temos atuação com produtos de varejo (telefonia móvel, fixa, banda larga e TV por assinatura). Hoje, a Algar Telecom oferece banda larga em 100% dos municípios onde atua. Em 2016, vamos expandir o serviço de ultra banda larga para mais seis cidades, totalizando 16 municípios com a oferta deste produto. Além disso, deveremos ter 100% de nossas cidades de atuação com o 3G e planejamos entregar o 4G, mas, para esse último ponto, aguardamos com grande expectativa as definições sobre a limpeza do espectro da frequência do 700 MHz”.
Jean Carlos Borges, presidente da Algar Telecom
“2016 erá um ano único na nossa história pois uniremos a Nokia Networks às Alcatel-Lucent. Apesar de as previsões para a economia brasileira não serem positivas, estamos comprometidos com o Brasil e com as operadoras no longo prazo. O país será o centro de nossos escritórios na América Latina, com 2 mil funcionários nesta nova Nokia. Temos aqui uma fábrica de produtos LTE e o laboratório de 5G e internet das coisas. Esperamos que haja um ecossistema de crescimento constante em IoT, que o laboratório resulte em novos serviços e gere receita já no segundo semestre. No resto da América Latina, vemos boa tração na Argentina, com operadoras dispostas a investir no LTE sob a luz de reformas econômicas, e no México, o governo prepara um leilão para a criação do novo operador de infraestrutura LTE compartilhada. Para crescer na região, será preciso ofertar valor aos clientes, escala e preços, enquanto se investe em pesquisa para a próxima geração de redes. É isso que a combinação com a Alcatel-Lucent permitirá”.
Dimitri Diliani, vice-presidente da Nokia para a América Latina
“2016 será um ano de desafios como foi 2015. Nosso setor porém segue com grande potencial de crescimento em diversas áreas, como a banda larga fixa e móvel e a evolução das redes para a virtualização e soluções orientadas a automação dos data centers das operadoras e grandes corporações. Iniciaremos o ano trabalhando com muito otimismo”.
Javier Falcon, Presidente da Alcatel-Lucent no Brasil
Apesar dos fortes percalços que o setor de TIC teve ao longo de 2015, como por exemplo a aprovação da Lei 863/2015 (chamada “Reoneração sobre a Folha de Pagamentos”) e mais recentemente a aprovação da MP 690/15 (fim da isenção do PIS/COFINS sobre os produtos eletroeletrônicos) e, por fim, o baixo nível de investimentos das operadoras fixas e celulares ao longo do ano, nós estamos otimistas para o ano vindouro. Sabemos que será um ano de muito trabalho e estamos otimistas principalmente porque o nosso país dá sinais evidentes de que está sendo política e eticamente passado a limpo. Esse fato certamente trará reflexos positivos a médio prazo para o país e o retorno do crescimento econômico, mesmo que tímido, das nossas empresas e instituições.
Luiz Fernando Duarte da Silva, Presidente da Abeprest
“Temos expectativa positiva para a América do Sul. Em relação ao Brasil, vemos um ano difícil. A permanência da crise começa a afetar planos de expansão de clientes, o que nos obriga a ser mais flexíveis na negociação, a participar mais do risco do negócio para tentar viabilizar novos contratos. Os clientes tradicionais de vídeo e DTH permanecem, mas nos mercados na área de dados, clientes corporativos e operadoras, sentem mais. Mesmo assim, há oportunidades. Alguns clientes estão indo para o HD e as companhias aéreas devem colocar internet nos aviões, o que pode compensar o momento nos mercados tradicionais do satélite.”
Jurandir Pitsch, vice-presidente de desenvolvimento de mercado da SES para a América Latina
“As dificuldades econômicas no Brasil em 2015 limitaram bastante as demandas por cabos e fibras óticas no país. Para compensar este ambiente adverso, a Furukawa buscou novos mercados internacionais para suas soluções de cabeamento estruturado de redes locais (FCS) e de redes de fibra óptica (FBS). Entramos em 2016 com a expectativa de que o Brasil possa melhor atender as grandes necessidades do país em telecomunicações e banda larga. De nossa parte, esperamos melhor atender o mercado com um portfólio de produtos expandido através do desenvolvimento e produção local de equipamentos ópticos e rádios digitais”.
Foad Shaikhzadeh, diretor presidente da Furukawa
“A crise econômica que atingiu, principalmente, os Estados Unidos e a Europa há alguns anos, em 2015 chegou fortemente ao Brasil e a outros países emergentes. Porém, nosso país está passando um momento crítico não só no âmbito econômico, mas também político, o que tem gerado muitas incertezas nas empresas multinacionais que investem aqui. É claro que sentimos os impactos da crise, mas felizmente alcançamos resultados satisfatórios devido a fundamentos de gestão sólidos que aplicamos desde o início do ano e alicerçado em oferta de soluções inovadoras que trazemos da nossa matriz no Japão, seguindo uma ousada estratégia de mercado. Para 2016, vamos seguir nesta direção, atuando da mesma forma que fizemos neste ano. Sabemos que não será fácil, mas estamos otimistas e acreditamos no Brasil e na melhora do sistema”.
Daniel Mirabile, presidente da NEC
“Aprendi com a experiência que tanto oportunidades como crises são temporárias. Portanto, não podemos deixar o otimismo de lado, mesmo após um ano desafiador, como este. Cabe a nós contagiar cada um dos talentos que está a nossa volta e fomentar o que tem de melhor. Mais do que nunca, é hora de valorizarmos as pessoas e sua fantástica capacidade de inovar, de se reinventar; é momento de compartilharmos nossas experiências e de fortalecermos nossas parcerias. É inegável que os desafios sempre estarão em nosso caminho. A diferença está na capacidade de enxergar também as oportunidades. Não tenho dúvidas que 2016 será um ano de novas possibilidades e de superação, mas também estou certo que estamos mais preparados e bastante otimistas e determinados para iniciar o ano com energias renovadas em busca de resultados positivos”.
Hélio Bruck Rotenberg, presidente da Positivo