Depois de quase uma década de avanço, a TV por assinatura no Brasil parou de crescer no final de 2014 e continua em queda –em número de assinantes e, agora, também em audiência.
Dados consolidados da Kantar Ibope Media entre 7h e 0h, obtidos pela coluna, mostram que entre janeiro e maio a TV paga no país perdeu cerca de 12% em pontos de audiência e 15% em share (participação no universo de TVs ligadas).
No ano passado, nos cinco primeiros meses, os canais pagos (excluídos todos os canais abertos que podem ser vistos também) registraram média de 7,9 pontos e 20,9% de share nas 24 horas.
Ou seja, em média, um em cada 5 aparelhos de TV ligados no país sintonizava algum canal pago dia e noite.
Em 2018, porém, entre janeiro e maio, a audiência dos canais pagos caiu para 6.7 pontos e 18,2% de share.
No mesmo período comparado, o total de TVs ligadas no país manteve-se quase inalterado: de 38% em 2017 para 37% este ano.
Para efeitos de (mais) comparação, os canais abertos praticamente mantiveram seus índices idênticos entre 2017 e 2018.
ASSINANTES EM QUEDA
O número de assinantes da TV paga vem caindo de forma gradual desde o final de 2014.
Desde o final daquele ano, quando chegou a estar presente em quase 20 milhões de domicílios no país, o setor perdeu cerca de 10% da base de assinantes no país: hoje tem 17,9 milhões (dados de março da Anatel).
Desde janeiro estima-se que o setor perdeu entre 35 mil e 40 mil assinantes.
MOTIVOS POSSÍVEIS
É possível especular alguns motivos para o que está acontecendo. A saber:
1 – A crise econômica
É sabido que em períodos de recessão, desemprego e achatamento salarial, as famílias cortam tudo aquilo que não é indispensável para a sobrevivência.
A despeito de sua importância como lazer (veja posição da ABTA abaixo), a TV paga, em último caso, é um gasto que pode ser sacrificado
2 – País agora tem sinal digital
Este ano completou-se a migração da TV analógica para a digital nas 15 principais regiões metropolitanas do país (mensuradas pelo Ibope). Muitas famílias assinavam pacotes mais básicos de TV por assinatura para ter acesso a um sinal de melhor qualidade das TVs abertas. A TV digital pode ter alguma influência, ainda que mínima, na decisão de pessoas em cancelar seus pacotes.
3 – Força da TV aberta é inegável
O item anterior pode ser, de certa forma, corroborado por este. Embora muita gente goste de afirmar que nunca vê TV aberta, os dados do Ibope mostram exatamente o contrário.
Mesmo na TV paga, cerca de 54% dos domicílios sintonizam quase que só canais abertos entre 7h e 0h, como mostrou com exclusividade esta coluna na semana passada.
OUTRO LADO
Procurada, a ABTA (Associação Brasileira de TVs Por Assinatura) se manifestou sobre a queda de audiência e assinantes.
Veja os principais trechos:
“Segundo o Target Group Index (TGI) do Ibope, 76% dos brasileiros – ou seja, 8 a cada 10 pessoas – apontaram como principais motivos para ter uma assinatura de TV (em 2017): para assistir filmes, entretenimento ou ter acesso a mais canais.
Assim como quase todos os setores da economia, a TV por assinatura também sentiu os efeitos da recessão. Entre 2015 e 2016, enquanto o PIB caiu 7,2%, a base de assinantes recuou 4,5%. Ou seja, o setor sentiu menos os efeitos da recessão, provavelmente por ser um dos meios mais acessíveis de cultura e entretenimento.
No entanto, em 2017, as restrições do consumo falaram mais alto e o volume de assinantes apresentou uma nova queda de 4,9%. Em 2018, já observamos sinais de recuperação: nos meses de março e abril praticamente não houve perda de assinantes (retrações de apenas 0,19% e 0,05% em relação aos meses anteriores).
O crescimento da audiência mesmo durante o período de redução da base de assinantes mostra o quanto a TV por assinatura é desejada pelos brasileiros. Por isso, acreditamos que a base de assinantes também voltará a crescer com o aquecimento da economia.
Como já demonstramos, o streaming tem crescido dentro da própria TV por assinatura. Portanto, essa audiência continua assistindo programas de canais pagos, porém, não apenas na programação linear, mas também em novas plataformas. ABTA”
Fonte: TV e Famosos-Coluna Ricardo Feltrin –TV Paga – AESP