CARLOS ALBERTO DI FRANCO
Impressiona o crescente espaço destinado à violência nos meios de comunicação, sobretudo no telejornalismo.
Catástrofes, tragédias e agressões, recorrentes como chuvas de verão, compõem uma pauta sombria e perturbadora. A violência, por óbvio, não é uma invenção da mídia. Mas sua espetacularização é um efeito colateral que deve ser evitado.
Não se trata de sonegar informação.
Mas é preciso contextualizá-la. O excesso de violência na mídia pode gerar fatalismo e uma perigosa resignação.
É preciso mostrar as sombras, mas é necessário iluminar as boas iniciativas.
Podemos, todos, jornalistas, formadores de opinião, estudantes, cidadãos, enfim, dar pequenos passos rumo à cidadania e à paz. Precisamos valorizar editorial e informativamente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou vielas de paz nas cidades sem alma. É preciso investir numa agenda positiva.
A preocupação social, felizmente, começa mobilizar muita gente. Multiplicam- se iniciativas sérias de promoção humana. Conheço de perto uma obra notável.
Sob inspiração da prelazia da Opus Dei, foi fundado em 1985 o Centro Educacional e Assistencial de Pedreira (www.pedreira-centro.org.br). Nasceu de um ideal de diversos profissionais e estudantes, preocupados em organizar um trabalho social sério na Zona Sul de São Paulo. Após estudo da situação e das suas necessidades, verificou-se que, no bairro de Pedreira, a 30 km do centro da capital paulista, jovens de 10 a 18 anos se encontravam numa situação de grave risco social, expostos a drogas, marginalidade e criminalidade.
Implementou-se, então, uma escola técnica para jovens carentes que dispusesse de tudo o que uma escola de “primeira linha” pode oferecer.
A Pedreira — como é carinhosamente conhecida — tem atualmente capacidade para 500 alunos e conta com aproximadamente 5.000 m² de área construída, distribuídos em um terreno de 23.000 m². Oferece cursos básicos de eletricidade residencial e industrial, auxiliar de informática e informática aplicada, e cursos técnicos de administração, de redes de computador e telecomunicações, com duração de um a dois anos.
Muitos dos alunos são, em suas famílias, a principal fonte de renda, o que constitui um impacto social relevante. Além disso, deixam a escola com a clara consciência da necessidade de estudar com afinco e dedicação.
Com essa mentalidade, é comum que muitos dos alunos da Pedreira cheguem ao nível universitário, uma meta quase impensável no início de seus estudos, em virtude de suas difíceis condições de vida. Mudar é possível.
Por isso, os esforços da Pedreira e de tantas pessoas engajadas no mutirão da inclusão merecem registro jornalístico. Iluminar boas iniciativas e construir uma agenda positiva é um modo de construir a paz.
CARLOS ALBERTO DI FRANCO é diretor do Master em Jornalismo
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.