O conselheiro da agência, Leonardo de Morais, pretende realizar este ano workshop com todos os stakeholders para dar subsídios à Anatel fazer a análise de impacto regulatório este ano, elaborar as regras do edital e lança-lo em 2019. Essa frequência é uma das que já foi escolhida em todo o globo para receber a 5G. No Brasil, porém, ela é ocupada por quem tem receptor de TV aberta via satélite. Este é o problema técnico que precisa ser resolvido, antes do leilão ser realizado.
Miriam Aquino — 27 de fevereiro de 2018
Barcelona – Se a quinta geração da telefonia móvel é a palavra de ordem do Mobile World Congress deste ano, quando operadores e fabricantes anunciam a antecipação de seu lançamento em diferentes mercados, América Latina e Brasil estão fora deste road map. Conforme previsões da GSMA LA, no final de 2020 a 5G terá somente 3% de usuários da região, só alcançando metade da população em 2025.
Para mudar esse quadro, pelo menos no Brasil, a Anatel pretende licitar no próximo ano a frequência de 3,5 GHz, uma das faixas já identificadas como propícias para receber essa tecnologia. Segundo o conselheiro Leonardo de Morais, que participa da delegação brasileira presente ao evento, o comitê de espectro, o qual ele preside, irá realizar este ano um workshop para embasar a regulação desse edital a ser lançado no próximo ano. “O Brasil saiu bem atrasado na 3G, na 4G conseguiu lançar o serviço praticamente junto com os demais países, e com a 5G podemos fazer o mesmo”, afirmou ele.
Para que a 3,5 GHz possa ser direcionada para a banda larga móvel – e aí para a Internet das Coisas e tudo o que está sendo prometido por essa nova tecnologia – há um grande trabalho de convencimento a um consumidor específico e uma questão técnica para serem resolvidos. Esta faixa é ocupada pelos receptores de TV aberta via satélite – fato único no mundo – conhecida como a banda C estendida.
O problema é que esses receptores, na maioria, não são sequer homologados pela Anatel e não se sabe, de fato, quantos são e onde estão localizados esses aparelhos. Fala-se em um número mágico de 22 milhões de residências que seriam afetadas por essa medida, pois são aquelas que teriam antenas de TV via satélite. Mas ninguém sabe qual é a fonte desses números, que parecem muito exagerados, pois representariam mais de 15% das moradias brasileiras com antena de TV via satélite.
Soluções
Mas Morais acredita que as soluções técnicas para impedir que haja interferência entre os serviços estão disponíveis. A mais viável será a colocação de filtros nesses receptores, filtros esses que impedirão a interferência. O difícil e saber quem vai comprar e como vão ser distribuídos esses filtros. O mais provável é que essa questão fique para a licitação e para as operadoras de celular que comprarem o espectro, a exemplo do que ocorreu com a limpeza da faixa de 700 MHz, para a qual se destinou a 4G e a digitalização dos sinais de TV.
28 MHz
A frequência de 28 MHz – conhecida como mmWave, ou milimétrica, – que será colocada à venda pela FCC ( agência reguladora norte-americana) para a telefonia móvel não terá o mesmo destino no mercado brasileiro. A Anatel já reservou 500 MHz desse espectro para os serviços de satélite. Atualmente, somente os Estados Unidos e a Coreia do Sul identificaram essa faixa para a 5G da telefonia móvel, a Europa também prefere esta frequência para o serviço via satélite.
Fonte:Telesintese-Plantão – AESP