Nenhum outro evento no mundo mostra com tanta clareza as tendências tecnológicas, mercadológicas e regulatórias da mídia eletrônica quanto o NAB Show (promovido pela Associação Americana de Radiodifusores, cuja sigla é NAB, de National Association of Broadcasters). Com a participação de mais de 90 mil profissionais de rádio, TV, cinema e multimídia de mais de 150 países, o NAB Show apresentou novidades impressionantes, além do depoimento de celebridades como James Cameron e Vince Pace – pioneiros e líderes do cinema 3D – e mais de duas centenas de especialistas que falaram sobre o futuro da radiodifusão e do cinema.
Comecemos pelo futuro pela das imagens de alta definição. Primeira novidade: nossos televisores Full HD, com imagens formadas por 1080×1920 pixels, já estão em processo de obsolescência acelerada. É o que prova a tecnologia 4K, criada originalmente para atender às exigências do cinema digital, e que agora se prepara para frequentar nossos lares.
Nessa linha, a Sony apresentou seu novo monitor, com tecnologia de LED orgânico ou OLED, imagens 3D e a resolução 4K. E mais: a primeira câmera para filmar com a qualidade 4K, com auxílio de um sensor CMOS, que eleva a definição a 20,4 milhões de pixels (8.768 x 2.324), uma resolução oito vezes superior à da Full HD e que, segundo a Sony, revela “o verdadeiro desempenho das imagens 4K”.
Não há dúvida de que teremos nos próximos anos imagens com altíssima definição, com 8K, 16K ou 32K, tanto para nossos home theaters quanto para o cinema digital.
Outra grande tendência mostrada neste NAB Show foi a do som surround 7.1, que agrega emoção e realismo como nunca se havia conseguido no passado. É provável que o surround 7.1 se torne a tecnologia dominante e que a maioria dos filmes 3D e Blu-ray discs 3D sejam produzidos com esse formato daqui para o futuro.
A televisão digital móvel (DTV) passou a despertar neste ano muito mais atenção do que nos anteriores, até porque o sistema de TV digital norte-americano (ATSC) só agora dispõe de recursos para a recepção móvel de sinais de TV. Os especialistas alertaram para a possibilidade de o mundo dispor em 2014 ou 2015 de mais de 20 bilhões de dispositivos móveis capazes de receber imagens de TV. Os receptores serão tablets (como o iPad e muitos outros), smartphones, laptops, iPods e outros, com telas cada dia mais avançadas capazes de mostrar as melhores imagens de TV.
TV na nuvem. Daí decorrem dois grandes desafios: banda larga e infraestrutura de armazenamento. Mas onde armazenar o gigantesco conteúdo da TV nos próximos anos? A conferência deste ano discutiu pela primeira vez o uso da nuvem e a emergência das tecnologias de mobilidade.
Quem poderia imaginar há apenas cinco anos, que um evento destes iria discutir temas como “TV na nuvem” ou “A busca de conteúdo na nuvem”? Foi o que vimos neste NAB Show 2011, que apresentou a nuvem como o grande repositório de armazenamento de conteúdo para uma nova era de mobilidade, porque ela estará “disponível a qualquer hora e em qualquer lugar do mundo”. A nuvem estará sempre associada a uma das formas mais avançadas de IPTV – ou seja, da televisão sobre protocolo IP – para distribuição online.
Programação. A maior preocupação dos radiodifusores neste NAB Show foi o desafio do conteúdo, tanto na TV aberta, quanto na TV paga e nos novos formatos decorrentes da recepção móvel de TV digital. Essa preocupação não se concentrou apenas nos tipos de conteúdos de maior sucesso, mas no aprimoramento da qualidade dos programas em geral.
Mas há aspectos de conteúdo e de programação que preocupam os líderes da radiodifusão nos Estados Unidos. Para Gordon Smith, presidente da Associação Americana de Radiodifusores (a National Association of Broadcasters ou NAB), “temos que reaprender a contar histórias, no rádio e na TV”. Por outras palavras, explica ele, “os radiodifusores precisam dar novo conteúdo humano e falar à alma e ao coração de seus ouvintes e telespectadores”.
Pela primeira vez, a telepresença, uma tecnologia que parecia ter aplicações exclusivas na área corporativa ou de comunicações profissionais, foi amplamente debatida por radiodifusores e apresentada como excelente ferramenta da produção de jornalismo eletrônico e educacional. Como sucessora das formas analógicas de videoconferência, a telepresença utiliza a comunicação bidirecional entre até quatro pontos, numa forma de multiconferência, com vídeo de alta definição e imagens em tamanho real das pessoas.
No campo das tendências, a maior surpresa deste NAB Show foi o Projeto Ultravioleta. Pelas regras do projeto, o usuário escolherá os dispositivos por intermédio dos quais quer ter acesso ao conteúdo, ou seja, os televisores ou tablets em que deseja ver programas de vídeo, ou os consoles nos quais pretende jogar seus games preferidos, ou ainda outros dispositivos nos quais quer baixar conteúdos de DVDs, não importa onde foram adquiridos ou que produtor os fabricou.
O Projeto Ultravioleta foi concebido pela Universidade do Sul da Califórnia, como projeto colaborativo, com o apoio de 60 empresas e entidades de diferentes setores. Entre essas empresas, estão estúdios de Hollywood e gigantes da tecnologia, como Microsoft, HP, Sony, Panasonic e Samsung.
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