O ano de 2012 será marcado no mercado de televisores pelo domínio dos aparelhos de LED (sigla, em inglês para diodo emissor de luz) e o avanço das TVs conectadas à internet. As vendas no varejo, até setembro, mostram expansão importante, de 28%, e os preços continuam caindo – 13%, até outubro.
A preferência pelo LED já vinha sendo detectada desde o ano passado e neste ano foi confirmada. Esse tipo de televisão, cuja tela é mais fina do que a de LCD, representou 53,4% do volume total de vendas de TVs de tela fina nos nove primeiros meses do ano. Em 2013, LG, Sony e TP Vision (Philips) vão suspender a produção dos aparelhos LCD.
O mercado de TVs também mostra a consolidação de outra tendência importante: a TV conectada à internet. Esta promete uma nova maneira de o consumidor se relacionar com esse eletrodoméstico, que chegou aos lares brasileiros há 62 anos. A televisão com acesso à internet representa 20% do mercado de televisores de tela fina e registrou aumento de vendas de 30% de janeiro a setembro de 2012, em relação ao ano anterior.
Segundo a consultoria GfK, as vendas de TV, de janeiro a setembro, aumentaram 28% para 8,5 milhões de unidades em relação a igual período de 2011. Os números são relativos ao mercado de televisores de tela fina, incluindo LED, LCD e plasma, que juntos representam 92% do total. Os restantes 8% referem-se à obsoleta tecnologia de tubo.
O setor tem conseguido avançar movido a inovações – já há TVs que fazem reconhecimento facial, de voz e movimentos; telas enormes, de 85 polegadas, e definição de imagem quatro vezes superior à média. Mas são os tamanhos menores, entre 32 e 42 polegadas, que ainda concentram 70% das vendas.
A oferta de produtos mais baratos também contribuiu para o crescimento das vendas. Segundo o IPCA (o indicador oficial da inflação no país, medido pelo IBGE), os preços de televisores caíram 12,9% neste ano, até outubro. No ano passado, a queda foi de 17,6.
“Nos produtos entre 32 e 42 polegadas houve erosão de 20% nos preços, diminuindo a distância de preço entre as tecnologias e criando um argumento que estimulou a substituição”, diz a diretora da GfK, Gisela Pougy. Um televisor LED com 32 polegadas custava, em setembro, R$ 1,2 mil, em média, e o LCD, no mesmo tamanho, R$ 1 mil.
Segundo a diretora da GfK, os aparelhos de TV em 3D, com 32 polegadas, ficaram 33% mais baratos em um ano, custando R$ 1,6 mil.
No Brasil, de acordo com dados da consultoria, o faturamento das TVs em 3D corresponde a 16% das vendas de TVs de tela fina, enquanto em países da Europa fica em torno de 40% e na China, 50%. “Essa tecnologia [no Brasil] ainda não deslanchou”, diz Gisela. Entre as possíveis barreiras está a parca oferta de conteúdo produzido para o formato 3D.
Em 2013, a LG deixa definitivamente a produção de aparelhos LCD para se dedicar ao mercado da TV conectada. “Estamos pesquisando para entender os hábitos do consumidor, o que ele quer assistir e como”, diz a gerente de marketing de televisores da LG Brasil, Fernanda Summa. A empresa tem, em São Paulo, um laboratório para desenvolver e selecionar os conteúdos e aplicativos que são vendidos junto com seus produtos conectados. Ela não está sozinha.
A Samsung, também coreana e sua principal concorrente, tem três centros de pesquisa no Brasil, de um total de 25 espalhados pelo mundo. Juntas, as duas marcas detêm mais de 50% do mercado de televisores.
A LG quer também uma fatia das telas grandes. Em outubro, colocou no mercado uma TV com 84 polegadas e “ultra definition” (de altíssima definição). A maioria das TVs no modelo ‘Full HD’ tem 2 milhões de pontos na tela. A “ultra definition” mostra 8 milhões de pontos.
“Na Copa de 2010, a TV de 29 polegadas estourou; em 2010, foi a vez da TV HD, de alta definição; e a próxima Copa vai ser a das telas grandes”, diz Fernanda.
A velocidade de troca de aparelho nesta indústria acontece, em média, a cada quatro anos, e coincide com o calendário da Copa do Mundo.
A estratégia de marketing da Samsung comporta, entre seus 40 produtos, itens mais baratos e televisores luxuosos como o modelo interativo de 75 polegadas, acabamento em ouro rosado e reconhecimento facial, de voz e movimento. “Você diz ‘olá tv’ e ela liga”, diz o gerente de produtos da Samsung, Andre Sakura. O produto, com apelo de ficção científica, é vendido com controle remoto convencional para que a transição de tecnologias seja mais tranquila.
Para o consumidor, é difícil absorver tanta tecnologia. Por isso, a Sony, que tem no Brasil seu quinto maior mercado de TVs conectadas, construiu uma rede de nove lojas próprias para estimular a experimentação dos seus produtos. “Eu quero que o consumidor entre na minha loja para aprender”, diz o gerente de marcas da Sony, Luciano Bottura. A Samsung tem duas lojas e no site o consumidor simula o funcionamento da TV interativa.
A Sony lançou sua primeira TV conectada no Brasil em 2010. Em um ano vendeu mais de 1,5 milhão de unidades e hoje é o quinto maior mercado em televisões conectadas da Sony. Do seu portfólio de 26 modelos, apenas cinco não são conectadas.
Segundo a gerente de marketing de produtos TP Vision – Philips TV, Alessandra Aguiar, a Philips, que tem 50% de TVs conectadas, no ano que vem chegará a 70% do total. No ano passado a holandesa Philip s iniciou uma joint venture global com a taiwanesa TPV Technology, que levou a um ganho de importância da operação brasileira em termos de investimentos e inovação.
Para o consumidor, o mais difícil vai ser arrumar tempo para entender tantas mudanças.
Fonte:Valor Econômico -Empresas