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Conversor da TV digital para inscritos do Cadastro Único não tem interatividade

Os moradores da cidade de Rio Verde, cidade no interior de Goiás, inscritos no Cadastro Único de Programas do Governo Federal estão recebendo conversores de TV digital sem o software que permite acessar o recurso de interatividade. Os conversores e as antenas necessários para receber o sinal digital de televisão estão sendo distribuídos de graça na cidade tanto para beneficiários do Bolsa Família como para quem está incluído em algum programa social do governo, mas os equipamentos entregues são diferentes para os dois grupos.


Rio Verde será a primeira cidade a ter o sinal analógico de televisão totalmente desligado, o que está previsto para ocorrer hoje (29). Inicialmente, só quem tinha direito a receber os equipamentos para fazer a migração eram os beneficiários do Bolsa Família, mas a distribuição foi estendida para quem é inscrito em algum dos programas sociais do governo federal, para que a digitalização acontecesse em um número maior de casas.


O presidente do Grupo de Implantação da TV Digital (Gired), Rodrigo Zerbone, disse que a entrega dos conversores sem o software Ginga, que permite a interatividade na TV digital brasileira, para os inscritos nos Cadastro Único foi feita por uma questão de prazo. “Como a gente tinha um prazo muito limitado, tivemos que trabalhar com os conversores disponíveis no mercado, e aí são conversores mais simples do que foi distribuído para o Bolsa Família”, afirmou Zerbone, que também é conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).


Segundo ele, a intenção do grupo, que reúne representantes do governo, radiodifusores e operadoras de telecomunicações, é que em outras cidades os conversores distribuídos tenham um padrão único com a interatividade.


De acordo com a Entidade Administradora do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (EAD), responsável pela gestão do processo de migração do sinal de TV no Brasil, o conversor que está sendo distribuído para as famílias do Cadastro Único em Rio Verde “atende plenamente a função de garantir que a população continue tendo acesso aos canais de TV aberta, após o desligamento do sinal analógico”.


O Secretaria de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações informou que trabalha para que a interatividade no processo de migração da TV analógica para a TV digital esteja disponível a todas as pessoas que receberão os kits, contendo conversor mais antena. A secretaria acrescentou que o Gired estuda soluções para a distribuição de um conversor unificado, tanto aos participantes do Bolsa Família quanto aos demais inscritos no Cadastro Único.


Sem reclamações


Zerbone diz que não foram registradas reclamações em Rio Verde por causa da diferença entre os conversores. “Até porque o público do Cadastro Único em um cenário inicial não tinha previsão de receber nada, então a pessoa ia ter que adquirir o produto no mercado. Na verdade, estamos melhorando a situação dessas pessoas e fizemos isso na medida do possível, do que era factível”, diz.


O pesquisador Rafael Diniz, da equipe responsável pelo projeto Ginga no Laboratório TeleMídia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), defende o uso da ferramenta em todos os conversores de TV digital, que serão distribuídos gratuitamente pelo governo a famílias de baixa renda. “Esse é um dos pontos que a gente está lutando. Todos os conversores que o governo distribuir têm que seguir a norma brasileira de TV digital, que diz que o Ginga é obrigatório”, diz.


De acordo com Diniz, sem o recurso da interatividade, as famílias não terão acesso gratuito, pelo controle remoto da TV, a conteúdos nas áreas de emprego, saúde e educação. Além disso, isso criaria a sensação de uma divisão estranha. “Se você é do Bolsa Família, vai receber o conversor com o Ginga, com um monte de recursos. Mas seu vizinho, que só é inscrito no Cadastro Único, vai receber o conversor sem o Ginga. Me parece muito estranho isso”.


A exclusão da ferramenta afetará também, segundo Diniz, os ministérios que estão desenvolvendo aplicações interativas para o Ginga, como o Ministério da Cultura e o Ministério do Desenvolvimento Social. O Ministério da Cultura está fazendo um aplicativo, chamado Quero Ver Cultura, que permite ao usuário, pelo controle remoto, escolher vídeos e programas para assistir. Já o Desenvolvimento Social está produzindo aplicativos que permitem, por exemplo, consultar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a data de pagamento do Bolsa Família, direitos e restituições de valores pelo governo. Projetos futuros dos ministérios da Educação e Saúde também seriam impactados. O mesmo ocorreria com emissoras privadas, que estão com aplicações interativas no ar.


Fonte: Aesp


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