Nota foi divulgada pela embaixada em Brasília, enquanto protestos contra Mubarak prosseguem no CairoNo 14° dia de protestos contra Hosni Mubarak, a embaixada do Egito em Brasília entregou ontem uma carta ao Itamaraty pedindo desculpas pelas agressões e detenções das quais foram vítimas jornalistas brasileiros no Cairo, na semana passada. – O tratamento dado aos jornalistas foi totalmente inaceitável, e nós gostaríamos de pedir desculpas por quaisquer inconvenientes – diz o texto.
O enviado especial de Zero Hora ao Cairo, Luiz Antônio Araujo, foi agredido no centro da capital por um grupo de egípcios, aparentemente simpatizantes do ditador. Já Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, foram presos e forçados a deixar o Egito.
Por meio de seu presidente, o guatemalteco Gonzalo Marroquín, do jornal Siglo 21, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) condenou os episódios e pediu o respeito aos tratados internacionais sobre garantias do trabalho jornalístico, para que a liberdade de imprensa e o direito do público de ser informado não sejam prejudicados.
No cenário interno, a tendência é de que a crise política se arraste até setembro. Os acenos do governo, como o aumento salarial para funcionários públicos e aposentados anunciado ontem, não contentam os manifestantes. Líderes oposicionistas insistem na renúncia imediata do presidente Hosni Mubarak. O governo prometeu reformas, mas diz que o ditador, no poder desde 1981, fica no cargo até as eleições de setembro.
O aumento prometido pelo governo foi de 15% nos salários dos funcionários públicos e das aposentadorias, a valer a partir de abril. O funcionalismo tem sido um dos pilares de apoio ao regime, mas o poder de compra da classe foi corroído nos últimos anos, enquanto o preço dos alimentos sobe.
Outro sinal positivo foi o anúncio da reabertura da Bolsa do Cairo no próximo dia 13 – a instituição está fechada desde 30 de janeiro por causa das manifestações contra Mubarak. No dia 27, a Bolsa do Cairo fechou com uma queda de mais de 10%. Analistas alertam, porém, que há chances de as ações despencarem se o mercado reabrir sem uma solução para a atual crise.
O regime de Mubarak parece confiar em sua habilidade de superar os dias de distúrbios e se aferra ao poder, ao passo que milhares de manifestantes se mantêm firmes na decisão de permanecer na Praça Tahrir até que o presidente seja afastado.
– Não acreditamos em Mubarak. É um mentiroso. Ele fez muitas promessas no passado – disse Salih Abdel-Aziz, engenheiro de uma estatal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.