O governo brasileiro está trabalhando para criar um sistema sul-americano de TV digital com base no modelo nipo-brasileiro. A estratégia é centrar as negociações na Argentina, Chile e Equador para depois, em um segundo momento, ampliar as investidas sobre os outros países da América do Sul. Para reforçar o lobby, a Embaixada do Japão reuniu ontem, em Brasília, embaixadores de países sul-americanos para apresentar o padrão japonês de TV digital com as inovações tecnológicas desenvolvidas no Brasil.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que é provável a adoção do sistema nipo-brasileiro pela Argentina e Chile, o que, na opinião dele, tornará mais fácil a adesão dos demais países da região. Costa considera até a possibilidade de o Uruguai e a Colômbia voltarem atrás na opção que já fizeram pelo padrão digital europeu.
“Estamos concentrando nossos esforços na Argentina, Chile, Equador e Peru, partindo do pressuposto de que, se sensibilizarmos esses países, praticamente criamos um sistema regional. E, a partir daí, seria muito mais fácil para os outros países aderirem”, afirmou o ministro. “Temos grandes expectativas de que a América Latina se unifique em torno desse sistema”, disse ao Estado o embaixador do Japão, Ken Shimanouch. O mercado de televisores e de conversores digitais pode dobrar de tamanho para o padrão nipo-brasileiro. A demanda brasileira é de 10 milhões de aparelhos por ano e a de toda a América do Sul é de 20 milhões. “O Brasil está de olho nesse mercado”, disse Costa.
Por enquanto, só o Peru seguiu o Brasil e adotou o padrão japonês. A previsão de Costa é de que a Argentina anuncie sua opção pelo sistema nipo-brasileiro logo depois das eleições parlamentares deste mês. O que pode estimular, na avaliação dele, uma decisão na sequência também pelo Chile. O ministro disse que, na viagem que fez ao Chile em abril, pôde constatar que já há uma opção técnica pelo sistema nipo-brasileiro, com apoio de parlamentares, radiodifusores e indústria. Faltaria apenas uma decisão política.
As negociações com o Equador e com Cuba também estão avançadas. Com o Paraguai já foram iniciadas. A Venezuela, por sua vez, chegou a anunciar que adotaria o sistema chinês, mas Costa confia na “boa relação” entre os dois países para convencer o governo venezuelano a integrar o sistema regional.
“Nossa proposta é uma proposta bolivariana de integração latino-americana da TV digital”, afirmou. O Uruguai, segundo Costa, ainda não tomou nenhuma medida para implantar a TV digital, o que, em tese, permite uma mudança de decisão.
“O Uruguai, no mínimo, vai ter de pensar duas vezes se vai continuar (com o padrão europeu)”, afirmou. A mesma situação ocorre com a Colômbia. O Brasil recebeu informações do governo colombiano de que estaria disposto a voltar a conversar sobre o modelo adotado. O governo brasileiro aposta nos ganhos de escala na produção para baratear o preço dos aparelhos. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.