Assistir TV é uma paixão dos brasileiros. Os aparelhos estão em praticamente todos os domicílios do país e as pessoas param tudo que estão fazendo para acompanhar jogos da seleção, ou o capítulo final da novela. Junte-se a isso a recém-descoberta paixão pelas rede sociais e chega-se à fórmula para a criação da Sappos.
A empresa iniciante quer ser uma rede social para quem gosta de TV. Tudo acontece em um aplicativo para smartphones. Nele, é possível avisar aos amigos o que se está assistindo (o ‘check-in’ dos programas de geolocalização como Foursquare e Yelp) e interagir com eles. O programa também traz informações sobre cinema.
O conceito de usar um outro dispositivo enquanto se assiste televisão é conhecido como TV social, ou segunda tela. Hoje, a principal ferramenta para comentários sobre o que está passando é o Twitter, mas o Facebook tem feito esforços para ganhar espaço. As companhias estão de olho na receita com publicidade que pode vir das emissoras e de marcas que querem se associar a um determinado conteúdo. Apesar de entrar em uma arena com concorrentes de peso, os fundadores da Sappos dizem acreditar que há espaço para uma rede específica para a TV social. “Nas grandes redes você grita para o mundo. Na Sappos, você fala com pessoas que querem discutir só sobre TV”, disse Gutemberg Fragoso, diretor financeiro da companhia ao Valor.
A Sappos foi criada no ano passado por cinco ex-executivos do Groupon: Fragoso, Thiago Navarro Amorim, Alex Takayama, Raphael Lejeune e Felix Scheuffelen, que abriu e chefiou o escritório da empresa no Brasil por quase dois anos. O nome Sappos foi inspirado na ideia de sapear e pular de um canal ou de um programa para outro de uma forma muito parecida com os movimentos do anfíbio. A companhia recebeu aporte de seis investidores com experiência no mercado de tecnologia, mas não revela o valor. “Foram alguns milhões de reais”, disse Amorim, diretor de marketing.
O modelo da Sappos é baseado em duas companhias americanas: a GetGlue e a IntoNow. Essa última foi comprada pelo Yahoo em 2011, por um valor estimado entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões. De acordo com Amorim a ideia inicial era ter um site. O serviço chegou a ser lançado e conquistou alguns usuários, mas foi cancelado quando os fundadores perceberam que a maior oportunidade estaria na área da mobilidade. O primeiro aplicativo foi lançado no fim de agosto para o iPhone e já foi baixado mais de 2 mil vezes. Nos próximos dias será lançada a versão para o sistema Android.
Para ganhar dinheiro, a companhia iniciante pretende vender anúncios e também fazer parcerias com empresas de comércio eletrônico. A ideia, é colocar anúncios de produtos relacionados a um determinado programa e ganhar uma comissão no caso de a compra ser concretizada pelo internauta. A Sappos já tem acordos com três varejistas e uma empresa de viagens. O recurso estará disponível nas próximas semanas.
Para Gabriel Baños, fundador da Zauber, da Argentina, especializada na análise da repercussão de programas de TV em redes sociais, empresas como a Sappos e a GetGlue terão que investir intensivamente em formas de fazer com que os internautas se sintam estimulados a usar seus serviços para competir com Twitter e Facebook.
Fonte: Valor Econômico -Empresas
