A imprensa é livre no país, ressaltou o ministro da Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins. “O que não quer dizer que seja boa”, apressou-se em acrescentar.
Certamente não é boa.
Não foi boa, por exemplo, para o então presidente Fernando Collor de Mello, hoje aliado do PT, quando se revelaram os escândalos que vieram a resultar no seu impeachment.
Não foi boa quando noticiou a compra de votos de alguns parlamentares para aprovar a emenda constitucional que veio a instituir o direito à reeleição, então defendido por Fernando Henrique.
Não foi boa quando revelou o esquema do mensalão, o caso dos aloprados, a trama para expor o sigilo bancário do caseiro Francenildo e as atividades da família de Erenice Guerra, entre outros casos que pontuaram o governo lulista.
Em viagem à Europa, onde afirma colher subsídios para a criação de um marco regulatório na área de comunicações, o ministro Franklin Martins tem, portanto, motivos para reclamar de uma imprensa alheia à notória parcialidade com que costuma pautar as suas avaliações.
Seu comentário merece ser catalogado junto com reclamações de teor equivalente, feitas pelos governistas de todas as épocas.
Dois aspectos, entretanto, requerem atenção. O primeiro é que, neste final de governo, ainda exista empenho em engajar o Executivo num tema que mereceria antes de tudo ser objeto de uma iniciativa do Congresso. O segundo, e mais importante, é o que revela da reiterada disposição por parte de representantes do PT de exaltar a liberdade de imprensa para em seguida assestar novos ataques a quem publica o que o governo gostaria de ocultar.
No triunfalismo que antecedeu a divulgação dos resultados eleitorais, o presidente Lula elevava a voltagem de suas provocações à imprensa. Diminuíram com a notícia de que haveria um segundo turno. Mas o inconformismo permanece -e o ministro novamente o manifesta. Não será uma breve viagem a países europeus que irá civilizá-lo quanto a isso.
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