Vivemos hoje a era digital em sua plenitude. Ela significa comunicação instantânea, em qualquer lugar e a qualquer hora, TV digital com imagens de alta definição e 3D, chips multinúcleos, internet de banda larga, softwares de produção gráfica, realidade virtual, sistemas de multimídia e dispositivos de armazenamento de muitos terabytes.
A maior parte dessa revolução ocorreu nos últimos 20 anos. Nesse curto período da história humana, a tecnologia criou um Admirável Mundo Novo Digital, designação que escolho por analogia com o título do famoso livro de ficção científica de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, publicado em 1932.
Esse novo mundo está sendo construído a cada dia por bilhões de seres humanos, com a crescente popularização e disseminação do computador pessoal, do celular, da internet, da fibra óptica e, em breve, do Blu-ray e da TV digital com imagens tridimensionais (3D).
A fotografia é um caso exemplar das profundas mudanças de nosso tempo. Em apenas duas décadas, a tecnologia digital sepultou os velhos, custosos e lentos processos fotoquímicos dos velhos filmes e substituiu-os por avançados processos eletrônicos e digitais. Por isso, posso fazer 10 fotos ou uma centena, pelo mesmo preço. Ou distribuir milhares de fotos pela internet, gastando uma quantia ínfima.
Duas décadas. A teia mundial (worldwide web ou www) marcou o nascimento da internet como a conhecemos, em 1990. Hoje, essa rede já conecta 2 bilhões de seres humanos, a metade deles com acesso em banda larga, via cabo, fibra óptica ou redes sem fio, como o celular 3G, Wi-Fi ou WiMax.
Há 20 anos, ficávamos boquiabertos com a comunicação de dados à velocidade de 9,6 quilobits por segundo (kbps). Hoje, as transmissões entre corporações podem alcançar uma velocidade um milhão de vezes mais elevada, ou 10 gigabits por segundo (Gbps).
O processo de digitalização e a microeletrônica são, sem dúvida, as alavancas tecnológicas mais poderosas e responsáveis pelas profundas transformações sociais e econômicas de nosso tempo. Ao longo das últimas décadas, elas revolucionaram não apenas as novas tecnologias da informação e da comunicação como todos os demais segmentos da economia e da indústria.
É claro que essa revolução não começou há 20 anos, mas, sim, com a invenção do transistor, na metade do século passado. Em seguida, vieram o circuito integrado e o chip ou microprocessador. Três palavras inglesas resumem a revolução dos componentes microeletrônicos: smaller, faster, cheaper (menores, mais rápidos e mais baratos).
O que muda. O mundo começa a viver a Sociedade do Conhecimento em sua plenitude. Nessa nova sociedade, a produtividade alcança níveis impensáveis, impelida por todas as formas de automação, pela expansão mundial da internet e pelo crescimento explosivo das redes de telecomunicações.
Essa revolução tecnológica muda quase todos os paradigmas anteriores. Substitui processos analógicos por digitais, átomos por bits, ferramentas físicas por virtuais, banda estreita por banda larga, comunicações fixas por móveis, serviços unidirecionais por interativos, máquinas e equipamentos dedicados por multifuncionais.
As ferramentas de meu trabalho jornalístico mudam incessantemente. Hoje, quando viajo, acoplo ao meu netbook um dispositivo externo de memória do tamanho de um telefone celular, que armazena 4 terabytes (TB) de informação digital, ou seja, mais do que a NASA tinha em seus computadores em 1990. Nesse dispositivo, estão mais de 10 mil artigos e textos, fotos, documentos e fontes de informação de que posso precisar em viagem.
Em meu novo tablet, posso levar hoje comigo cerca de 1.500 livros, armazenados digitalmente, sem com isso acrescentar um grama sequer ao peso de minha pasta. Com meu netbook e meu celular, posso acessar os maiores serviços de informações e de busca do mundo, para que eu possa garimpar informação em qualquer ponto da Terra.
As memórias de estado sólido (SSD, de Solid State Drive) já armazenam muitos terabytes – em lugar de gigabytes. A capacidade de processamento da informação da maioria dos desktops lançados em 2010 supera a dos mainframes dos anos 1970. Como se diz, com bom humor, o supercomputador de hoje será o desktop de amanhã.
Como será 2025. Imagine, leitor, que, daqui a 15 anos, o mundo terá cerca de 9 bilhões de celulares, ou seja, mais celulares do que habitantes. A metade desses dispositivos serão smartphones avançados.
Em 2025, só as famílias mais pobres verão a TV aberta, em broadcasting. E notem que, mesmo no Brasil, essa TV gratuita e aberta já dá sinais de preocupação diante da TV paga. As grandes ameaças ao seu modelo, no entanto, serão a IPTV, a TV Google, a Apple TV e outras. As imagens 3D se tornarão populares no cinema, nos laptops, nas câmeras fotográficas e filmadoras de vídeo.
Com a popularização dos leitores eletrônicos (e-readers), jornais, livros e revistas impressos em papel se tornarão cada vez mais raros. O turismo internacional e a maioria das viagens de trabalho utilizarão uma alternativa muito mais interessante e ecológica: os sistemas de telepresença e o turismo virtual, nos home theaters 3D, muito mais democratizantes e mais amigáveis ao meio ambiente.
Bem-vindos ao admirável mundo novo digital.
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