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OUVIU GOL ANTES DA HORA? é o sinal


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Entenda porque seu vizinho da TV aberta sabe do gol antes de você

Tarde de domingo em um apartamento da Zona Norte. Quatro marmanjos em frente a uma TV de LCD, que só terminará de ser paga em dezembro de 2010. O anfitrião, além de bancar as cervejas e as azeitonas, desembolsa cerca de R$ 200 pela assinatura mensal de uma operadora que transmite um jogo diretamente do Maracanã.
Ora, se sair um gol, o prazer de zoar os amigos que torcem pelo time adversário não tem preço. Afinal, é um conforto e tanto assistir a uma partida em tempo real…
epa! Tempo real mesmo? Quem tem TV por assinatura já deve ter percebido: o porteiro que ouve o jogo pelo radinho grita gol quando, na sua tela, o atacante ainda vai correr para bater o pênalti.
Nas partidas também transmitidas pela TV aberta, a situação não é diferente: a comemoração da galera que acompanha a peleja no bar em frente ao prédio também acontece antes do chute.
A diferença de tempo entre as transmissões chega a seis segundos. “Bobagem”, pode dizer a esposa do torcedor frustrado com o investimento em TV a cabo, aparelho de LCD, cerveja e azeitonas. Mas, com certeza, ela também deve ficar incomodada ao ouvir a vizinha gritar “eu sabia que ia terminar assim!” preciosos segundos antes de acabar o último capítulo da novela. Uma vez desligadas as televisões, o que fica no ar é uma pergunta: por que isto ocorre? — A diferença existe porque as operadoras precisam digitalizar as ondas eletromagnéticas que recebem de satélites. O armazenamento desses sinais e o seu envio para roteadores (que, por sua vez, levam sons e imagens para os aparelhos de TV) provocam o atraso — explica o engenheiro de telecomunicações Luiz Pinto de Carvalho, professor aposentado da Universidade Federal Fluminense e um dos maiores especialistas do assunto no país.
Segundo o engenheiro, em qualquer tipo de transmissão há um retardamento — ou delay, como dizem os especialistas — inevitável. Isso ocorre porque os sinais emitidos do Maracanã, por exemplo, precisam percorrer uma distância média de 35 mil quilômetros até um satélite e descer à superfície.
Tal trajetória, de ida e volta, consome quase meio segundo. Um tempo praticamente imperceptível. Mas são mesmo necessários mais cinco segundos e meio para as TVs por assinatura enviarem sons e imagens para seus clientes? Sky e Net negam que o delay seja de seis segundos: no caso da Sky, a latência pode chegar a três; no da Net, leva entre um e dois. E de acordo com ambas, o intervalo acontece porque, antes de enviar o sinal para a casa do cliente, é preciso converter o programa analógico para o formato digital, processá-lo para melhorar a qualidade e só depois mandá-lo ao satélite. A Sky explica ainda que o atraso existente entre TV aberta analógica e TV paga por satélite — que sempre foi digital desde sua origem, há 13 anos — varia com o tipo de tratamento dado ao sinal emitido pela programadora.
Para Alessandro Maluf, gerente de produto de TV por assinatura da Net, a diferença entre só é perceptível em casos imediatistas, como o de um gol.
— A diferença é da tecnologia, entre a TV digital e a analógica. Tudo depende do caminho que o sinal percorre para chegar na casa das pessoas. Na TV por assinatura digital, existe mais um elemento, que é a rede. O sinal entra nas antenas e passa pela rede até ser transmitido ao consumidor — diz.
A boa notícia é que o problema deve acabar com a adoção do novo sistema brasileiro de TV Digital Terrestre, segundo Luiz Fernando Barcellos, vice-presidente de Engenharia e Supply Chain da Sky: o atraso deverá ser da mesma ordem de grandeza, passando a não ser mais percebido. E gol nenhum vai ser comemorado antes ou depois da hora.

 

Fonte: O Globo- Revista Digital

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