Um estudo realizado pela jornalista Cristiane Hengler Corrêa Bernardo, professora-assistente doutora da Unesp, analisou o contexto em que a profissão de jornalista se desenvolveu no Brasil e as influências que sofreu ao longo dos anos.
Intitulado “Formação do jornalista contemporâneo: a história de um trabalhador sem diploma”, o artigo publicado na Revista Brasileira de História, na última semana, mostra que os governos sempre utilizaram instrumentos de controle “em nome da manutenção da ordem da sociedade capitalista”. Contudo, tais instrumentos estariam cada vez mais subliminares.
De acordo com o texto, a análise do tema é fundamental para a compreensão dos conflitos de interesses políticos e econômicos que determinaram a configuração histórica da imprensa e do controle sobre ela exercido.
O artigo defende que, hoje, o jornalismo não é apenas vítima da “censura vinculada à publicidade” que financia suas atividades, mas também de uma censura dos discursos de liberdade e igualdade propostos pelo Estado, “encampados pela mídia e vendidos à opinião pública”.
“Ambos os tipos de controle se concretizam na pior de todas as censuras que o jornalista poderia enfrentar e que não nasceu hoje, mas sim, evoluiu com os movimentos da sociedade capitalista – a autocensura”, diz o texto.
À IMPRENSA, Cristiane informou que, durante o tempo em que permaneceu no mercado, a falta de conscientização que o jornalista tem da própria história sempre a deixou incomodada.
Formada pela PUC-Campinas, Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp e Doutora em Educação pela UFMS, a professora explica que “a autocensura é presente na história social” em razão de regras impostas pela sociedade. “No caso do jornalismo, a censura vem acompanhando toda sua história de evolução. Ela sempre esteve muito atrelada a questões políticas e econômicas.”
“Grande parte da imprensa [atualmente] compra o discurso de que está falando o que deve falar [sem censura], quando já existe uma autocensura”, disse a pesquisadora. “O jornalista nem vai abordar determinadas pautas porque ele já sabe que elas não são do interesse político e econômico do veículo.”
Fonte:Portal Imprensa -Últimas Notícias