No balanço sobre o mercado eletroeletrônico em 2011, divulgado nesta quinta-feira, 08/12, a Associação Brasileira da Indútria Elétrica Eletrônica (Abinee) denunciou, mais uma vez, a desindustrialização do setor.
O estudo constata, por exemplo, que a produção física de equipamentos caiu 7,4% em relação a 2008 – ano antes da crise financeira mundial. Por sua vez, a importação de produtos acabados cresceu 27% no mesmo período.
“Podemos dizer com toda a certeza que o conteúdo nacional está ficando cada vez mais baixo nos equipamentos produzidos no Brasil. Importar está muito mais barato em função da valorização do Real e do próprio custo Brasil. Se faz cada vez menos aqui”, assinala o gerente de economia da Abinee, Cezar Luiz Rochel.
O balanço da entidade prevê um faturamento de R$ 134.904 bilhões, com uma variação positiva de 8,5% em relação a 2010. Mas para o presidente da Abinee, Humberto Barbato, não há nenhum motivo para comemorar. muito pelo contrário. O déficit da balança comercial do setor eletroeletrônico aumentou 18,2% em relação a 2010 chegando a US$ 32,2 bilhões.
Isso porque as importações de bens acabados e de produtos como componentes ficaram em US$ 40 bilhões, uma alta de 14,9% em relação ao registrado no ano passado. Já as exportações despencaram e vão fechar 2011 com apenas R$ 7,8 bilhões.
“Esse crescimento de 8,5% mascara uma situação grave e isso nos preocupa muito. A importação de equipamentos está sendo contabilizada como receita das empresas, que até trazem produtos prontos porque precisam sobreviver e se adaptar à realidade existente hoje. Importação de insumo é uma dura realidade porque o consumidor exige preço baixo”, lamentou Barbato.
“A desindustrialização é um fato. Estou rouco de falar. É isso que o governo quer? Sermos meros montadores sem nenhuma agregação de valor”, completou, em tom de desabafo, o presidente da Abinee. Mais que contar apenas com os dados recolhidos pela entidade junto aos seus associados, a Abinee destaca que, de acordo com o IBGE, a produção física do setor eletroeletrônico vai ficar negativa em 1,5%.
“Isso só comprova que o ritmo fabril está cada vez menor. É hora de saber se seremos apenas montadores ou vamos aspirar algo melhor”, repetiu Humberto Barbato. A entidade já entregou uma série de reivindicações ao governo, mas até agora, de acordo com os executivos, muito pouco foi feito.
Para 2012, apesar da questão cambial continuar sem uma medida efetiva do governo, a Abinee projeta um crescimento de 13% no faturamento, em função dos megaeventos esportivos e da clara tendência de se continuar importando equipamentos acabados para o atendimento da demanda interna.
Os investimentos previstos para o próximo ano são de R$ 3,431 bilhões, 13% acima do aportado em 2011 – R$ 3.035 bilhões, 14,8% abaixo do realizado em 2010. “As indústrias estão se adaptando à realidade, ao Real valorizado, precisam equilibrar as receitas. Os investimentos tendem a cair mesmo”, adverte Barbato.
O setor encerra 2011 com 183 mil empregados, um aumento de 8,3 mil em relação ao ano anterior. O aumento, no entanto, ficou abaixo das adições em 2010, quando foram contratados 14,9 mil trabalhadores. “Sem conteúdo local, sem agregação de valor, e com os custos Brasil – logística, infraestrutura e impostos – cada vez menos teremos empregos qualificados. É isso que o governo precisa ficar atento”, reforça Barbato.
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