Operadores de TV por assinatura criaram em janeiro deste ano uma associação de empresas latino-americanas, a Alianza Contra La Piratería de Televisión Paga (Aliança Contra a Pirataria na TV por Assinatura), entidade que reúne 17 empresas, entre operadoras e grupos de mídias de toda a região como a Sky, Globosat, HBO, Televisa, Fox International, Discovery, Disney & ESPN, além de entidades representantivas como a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura). A Band, Net Serviços e Claro DTH também se preparam para aderir e estão em fase de associação. O objetivo é reunir forças para combater o roubo de sinal, que alcança 20% das vendas legais na região
Reunidos no início de abril em São Paulo, os representantes da Alianza definiram algumas estratégias para conter o avanço da pirataria na América Latina. Além das ligações de cabos feitas de forma irregular, há também a instalação conversores digitais dotados de software que são ligados a conversores originais e que, com isso, captam o sinal de todo o pacote de determinada operadora e o distribui à TV na qual é conectado.
“O mercado ilegal evolui e fica cada vez mais sofisticado. Por isso, torna-se necessário investir em tecnologia e também na fiscalização para conseguir barrar esse crescimento”, afirma Michael Hartman, vice-presidente sênior de assuntos legais e regulamentação da DirecTV da América Latina. A empresa comanda as operações da Alianza.
A entidade planeja investir em projetos educativos. Também está nos planos da instituição investigar o contrabando e, com isso, promover o desenvolvimento de novas tecnologias.
A principal meta, segundo Hartman, é combater uma forma de pirataria conhecida como FTA – Free-to-Air, que envolve o uso ilegal de receptores de sinal de satélite que decodificam o sinal audiovisual de televisão por assinatura. Esse tipo de pirataria é comandada por fabricantes internacionais dos decodificadores e pelas redes organizadas de distribuição com acesso à programação das empresas.
Isso afeta todas as operadoras que usam o sinal de satélite DTH cabo, programadoras e revendedoras desses equipamentos. “Os custos do combate à pirataria são altos e serão rateados pelos membros da Alianza”, afirma Hartman. Os equipamentos FTA vem de países da Ásia e chegam ao Brasil e outros países da América Latina por meio do Paraguai e Sul do país.
Recentemente a DirectTV Sky fez uma parceria com a Agra, que desenvolve tecnologia por satélite, para definir uma metodologia de combate ao roubo do sinal. Os piratas se aproveitam da debilidade da tecnologia DVD abrindo o sinal de vídeo da recepção de satélites e redistribuem o sinal via internet. Não há no momento acerto tecnológico fácil para mudar o padrão DVD das operadoras DTH e cabo. “Hoje o maior esforço está no monitoramento e troca de conhecimento da operação dos sistemas. Outra frente é o monitoramento da alfândega para apreensão de receptores”, explica Hartman.
A entidade contratou também investigadores para repassar informações à Polícia Federal. No ano passado o grupo detectou 650 mil receptores que chegaram ao Sul do Brasil pelo Paraguai e Uruguai. Há dois meses, juntamente com a alfândega do Uruguai, a entidade detectou e apreendeu 10 mil receptores por satélite. “Nessa linha de atuação, queremos uma maior colaboração com a alfândega brasileira”, diz Hartman. A Alianza também vai coordenar ações de fiscalização em lugares de comércio ilícito em bairros de São Paulo e coordenar treinamentos para autoridades da alfândega, reguladores e agentes tributários.