A pirataria de TV paga no Brasil gera perdas de R$ 6,4 bilhões para as empresas do setor e reduz em quase R$ 3 bilhões a arrecadação tira do governo, por ano. Esse impacto é causado pelas 4,2 milhões de conexões ilegais aos serviços que estão em funcionamento no país, segundo pesquisa da ABTA, que reúne empresas do setor.
O estudo, antecipado pelo Valor será divulgado hoje, em evento realizado pela ABTA em São Paulo. O cálculo é feito levando em consideração um pacote de R$ 120 por mês. “Quem faz isso não pega um pacote básico, pega planos mais avançados e canais com cobrança por uso [pay-per-view], disse Antônio Salles Neto, diretor do sindicato das empresa do setor (SETA).
Se fossem clientes de uma só empresa, os 4,2 milhões de usuários clandestinos de TV paga formariam a 3ª maior base do país, atrás das operações somadas da Net e da Claro (parte do grupo América Móvil) e da Sky. Segundo o balanço de junho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país tinha 18,5 milhões de assinantes de TV paga em junho.
É a primeira vez que a ABTA faz uma pesquisa medindo o mercado de conexões ilegais no país. O estudo trouxe algumas constatações interessantes. A primeira é em relação ao tamanho desse mercado. Até hoje, a estimativa era que o percentual era de 10% a 15%. Com a medição oficial, o número subiu para 22%.
Segundo Salles Neto, a ABTA tem evitado chamar a prática de pirataria e tem preferido furto de sinal. “A pirataria ganhou um ar de glamour”, disse. A pesquisa foi realizada com 1.750 pessoas em 16 cidades do país no fim de maio. Dos entrevistados, mais de um terço (38%) assumiram ter um acesso ilegal em casa. “É um crime socialmente aceito”, disse Salles Neto.
Outra constatação do estudo foi que a prática está disseminada em todas as classes sociais e não apenas nas mais baixas, como se pensava. De acordo com Rubens Hannun, sócio-diretor da H2R, empresa responsável pela pesquisa, nas classes A e B, o número de acessos ilegais à TV paga ficou em 8% e 10% da população, respectivamente. São números menores, mas que não estão muito distantes das médias das classes C, D e E que são de 10% e 13%, respectivamente.
Fonte:Valor Econômico -Empresas