Com o crescimento das vendas de TVs com internet no Brasil, marcas começam a negociar espaço de mídia com os fabricantes de aparelhos
O lançamento da TV com internet criou mais uma mídia para as marcas se relacionarem com seus clientes. As novas televisões vêm com um ambiente cheio de aplicativos com funcionalidades que vão de acesso bancário, exibição de filmes online a publicidade interativa.
Acessar a internet pela televisão pode até parecer uma experiência muito “high tech” para o usuário que não é um aficionado por tecnologia. Mas a venda de aparelhos conectados à internet, também chamados de Smart TV, deve somar 3,8 milhões de unidades neste ano, mais do que o dobro do ano passado, segundo projeções da Samsung. Isso significa que mais de um terço das TVs vendidas no Brasil virá com internet.
Nelas, há um espaço interativo com diversos aplicativos. Para separar o joio do trigo e dar destaque àqueles que mais interessam ao consumidor, a LG criou uma curadoria de conteúdo. Os aplicativos com conteúdo de maior valor agregado vão para uma área de destaque no ambiente interativo. Lá estão os mais populares, que hoje são os que oferecem serviços de vídeo, como Netflix, NetMovies, YouTube e os canais interativos das emissoras MTV e Band.
Canal de marcas. Entre os aplicativos de destaque está também a Red Bull TV. “É um branded channel que produz conteúdo jovem, muito focado em esportes, considerado interessante para o telespectador”, diz o gerente-geral de Smart TV da LG, Milton Neto.
A fabricante não vende o “espaço” premium. Para ganhar uma boa posição na “estante de aplicativos” do aparelho, as marcas precisam, portanto, investir em conteúdo relevante.
As empresas já estão testando formas de atrair a atenção do telespectador-internauta brasileiro. A Kraft Foods, por exemplo, criou um filme interativo para a goma de mascar Chiclets exclusivamente para as TVs conectadas. Na peça, um jovem chega à uma festa à fantasia sem roupa apropriada e o usuário pode escolher de que forma ele vai se vestir – e também como a festa acaba. “Ainda estamos na fase de experimentação. Só o fato de existir um aplicativo de uma marca dentro da TV estimula o usuário a acessar para ver o que ele faz”, diz Milton Neto. E a marca tem a chance de dar o recado.
Outro que já está na nova TV é o Banco do Brasil. A companhia foi a primeira a lançar um sistema de acesso bancário dentro de uma TV da LG mundialmente. Agora, está conversando com outras fabricantes para colocar o aplicativos em seus televisores. O sistema é similar ao canal do banco no computador e permite a realização de dez operações financeiras.
“A TV será o centro de entretenimento interativo da casa. Se o cliente sai da escrivaninha e vai para sala, o banco tem que estar na televisão”, diz o gerente executivo de canais virtuais do Banco do Brasil, Pedro Bergamasco. Em dezembro, o aplicativo do BB chegou a cerca de 15 mil usuários.
Hoje, cada fabricante tem um sistema operacional fechado, em um modelo parecido com o da Apple. Assim, as empresas interessadas em criar aplicativos ou anunciar no espaço da TV conectada terão de procurar cada fabricante.
Para as marcas, o uso da TV com internet como espaço de mídia é uma nova fonte de receitas. “Ainda não existe um faturamento relevante de publicidade na Smart TV. Mas vai existir em um futuro bem próximo”, afirma o gerente sênior da área de áudio e vídeo da Samsung, Rafael Cintra.
Ainda é cedo para prever se o modelo de sistemas operacionais fechados para a televisão será soberano.
O Google promete trazer uma alternativa: a Google TV, que virá com o Android Market instalado, ou seja, uma loja de aplicativos compatíveis com o sistema Android, o mesmo do celular. A LG e a Sony já lançaram a Google TV no mercado americano. No Brasil, a novidade ainda não tem data para chegar.
Fonte:O Estado de S.Paulo – Link