Sede da TV pública ficará no Rio ou Brasília
Marcelo Tavela
A sede da rede nacional de TV pública estará no Rio de Janeiro ou em Brasília. As duas cidades são as opções para o governo por serem matriz, respectivamente, da TVE e da Radiobrás. A decisão final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A estrutura inicial da TV pública surgirá da fusão da Radiobrás com a TVE. Resta saber qual das duas será a cabeça de rede”, conta Aziz Filho, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Aziz esteve com o Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, na quinta-feira (24/05) e entregou-lhe uma carta defendendo o Rio como sede.
“O sindicato do Rio luta para garantir essa fonte de empregos na cidade. A TVE tem o perfil de sociedade civil que uma TV pública tem que ter, produz 80% do seu conteúdo e tem uma boa estrutura. Novos investimentos serão necessários, mas isso seria feito de qualquer forma com a conversão para o sistema digital”, diz. “Essa é uma bandeira em torno da qual o Rio deveria se unir, e já pedimos uma audiência com o governador Sérgio Cabral neste sentido”, completa Aziz.
Franklin Martins esteve no início do mês na TVE, no Rio de Janeiro, acompanhado da diretora-geral da empresa, Beth Carmona, e comunicou aos funcionários a fusão com a Radiobrás. A TVE também estréia uma nova antena de transmissão na cidade na quinta-feira (31/05), que melhorará sua recepção na Zona Oeste e no Grande Rio.
Segue a íntegra da carta entregue ao ministro Franklin Martins.
“Prezado Ministro,
Os jornalistas do Rio de Janeiro, representados por seu Sindicato, acompanham com expectativa otimista os movimentos do Governo Lula e de V. Excia. na criação da TV Pública brasileira. Nada potencializa mais a democracia do que o investimento na informação pública de qualidade. Estamos convictos de que o Rio, maior pólo da criação áudio-visual do País e importante centro de Jornalismo, preenche absolutamente todos os requisitos para se firmar como cabeça da futura rede, não só pela mão-de-obra qualificada em décadas de experiência mas também pela generosa estrutura das emissoras existentes, como a TVE Brasil, a Rádio Mec e a Rádio Nacional.
Na TVE Brasil, que vive grandes inovações administrativas e conceituais, 80% da produção já são originais. A imagem de “chapa branca”, que por décadas só serviu para fortalecer a audiência e o faturamento dos oligopólios privados, foi substituída com sucesso por critérios de programação muito próximos ao conceito que V. Excia defende.
A localização da cabeça de rede no Rio cumpriria a função histórica de evitar mais um esvaziamento da cidade, fonte de desemprego e violência. E agilizaria a formação da rede nacional, já que nenhuma emissora pública neste país tem tradição de geração nacional como a TVE Brasil em seus 35 anos. Sua transformação em organização social amadureceu na consciência dos qualificados profissionais da Associação de Comunicação Roquete Pinto (Acerp) o conceito de emissora vinculada aos interesses da sociedade, vocacionada para a produção de conteúdo cultural e informativo de qualidade.
O Sindicato dos Jornalistas do Rio deixa com V. Excia o apelo para que considere a vocação nacional e cosmopolita do Rio de Janeiro, da TVE Brasil, da Rádio Mec e da Rádio Nacional ao decidir onde será a sede da TV Pública. Para o bem do País e o sucesso do projeto, torcemos para que ela fique muito mais próxima da realidade urbana, com todas as suas contradições, do que do poder estatal, da burocracia ou da concentração financeira. Que a TV Pública do Brasil contribua para a redução das desigualdades no desenvolvimento do País e estimule o bom jornalismo e a produção áudio-visual regional.
Desejamos mais uma vez uma gestão de sucesso e nos colocamos à inteira disposição de V. Excia para contribuir, em tudo o que estiver ao nosso alcance, para a democratização da comunicação no Brasil.
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2007.
Aziz Filho Presidente Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro”.